quarta-feira, maio 31, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Passos Coelho

O povo ensina que quando não se sabe o que fazer fazem-se colheres de pau, mas Passos Coelho não é especialmente ditado e em vez de fazer colheres de pau, algoi que andou a fazer durante mais de um ano, decidiu armar-se no grande opositor, a sua nova pantomina, depois de o pantomineiro se ter espetado com o espetáculo do exilado.

Mas cada cavadela uma minhoca, sem ideias e sem saber como combater um governo com sucesso, Passos volta aos seus truques de discoteca e tira do bolso a estratégia do populismo, quer diminuir o número de deputados, proposta que fica bem a qualquer político sem escrúpulos e sem ideias novas. Como ele tem um grupo parlamentar que se recusa a fazer oposição, a naõ ser para tentar derrubar Mário Centeno, optando por uma presença parlamentar caracterizada pela gargalhada, esta proposta deve servir para proporcionar uns momentos de riso aos seus deputados.

Compreende-se, o líder de um partido cujo grupo parlamentar não serviu para o manter no poder e que vai para as reuniões só para rir só pode propor a redução de deputados.

«O PSD vai retomar nas jornadas parlamentares que arrancam esta terça-feira as suas propostas para a reforma do sistema político, que passam pela redução de deputados, consagração do voto preferencial e facilitação do voto em mobilidade.» [Público]

      
 Só um caminho na gestão da dívida
   
«O recente documento elaborado por vários apoiantes do Governo sobre a “sustentabilidade das dívidas externa e pública” não surpreende na medida em que corresponde ao habitual pragmatismo dos proponentes de soluções extremas quando passam a representar o poder. Dos discursos inflamados sobre a necessidade de dar lições aos especuladores ou sobre imposição (?) de haircuts aos credores privados passou-se a uma proposta bem mais contida onde a reestruturação, muito mais suave e não unilateral, se faz junto dos credores que já estiveram disponíveis para reestruturar a dívida no tempo do ministro Vítor Gaspar: os nossos parceiros europeus. É, ainda que expectável nas actuais circunstâncias, um progresso importante no sentido da razoabilidade e da possibilidade.

A questão de fundo, que preocupou os autores da proposta e que é, na verdade, uma questão essencial, é a do alívio do peso que a enorme dívida pública que acumulámos terá sobre o futuro das contas públicas e a economia em geral. Nesse sentido, a discussão tem-se centrado em aspectos laterais, ainda que, mais uma vez, pragmáticos, de alívio da pressão do serviço da dívida no curto prazo. É aqui que a discussão se tem centrado, mas este é, na minha perspectiva, um ângulo subsidiário do problema mais vasto e estrutural, que é o da sustentabilidade a prazo das contas públicas. Em última análise, é a percepção dos credores não oficiais sobre este tema que determinará a evolução das yields que exigirão para investir na dívida pública portuguesa e, consequentemente, o correspondente peso em cada orçamento de Estado. Note-se, porém, que cada sinal é importante: se se usar uma hipotética reestruturação para um alívio não sustentado no curto prazo que acomode mais despesa, estar-se-á, inevitavelmente a afectar o custo futuro da dívida para a República agravando o problema estrutural em vez de o aliviar ou resolver.

Será, neste contexto, finalmente consensual, que todo o esforço deverá ser colocado na redução dos juros que o mercado exige para investir na dívida pública nacional. Os últimos desenvolvimentos parecem favoráveis: bons dados quanto à dinâmica do produto e sinais positivos da Comissão Europeia quanto ao caminho das finanças públicas. Porém, muito mais importante, nos próximos tempos, será convencer as agências de rating - cujas notações são essenciais para a percepção de risco por parte dos investidores institucionais e, consequentemente, para o rendimento esperado que exigem - de que o risco inerente à detenção de títulos de dívida portuguesa diminuiu de forma “permanente”, melhorando a respectiva notação de risco.

Até agora tal não aconteceu e, pior ainda, os investidores internacionais têm vindo a diminuir o seu stock dívida pública portuguesa. Neste contexto, é crucial voltar a atrair um maior interesse dos investidores internacionais criando a percepção de potencial valorização (correspondendo a menores juros pagos pelo devedor). Este resultado implica que se generalize no mercado a expectativa de que a dívida pública Portuguesa apresenta uma dinâmica positiva. Quanto mais rapidamente se alcançar este consenso na comunidade de investidores, melhor, pelo que será altamente contraproducente que se tomem medidas que aqueles percepcionem como mera criação de condições para gastar mais hoje em detrimento da redução da dívida líquida hoje e no futuro.

Convém, finalmente, referir que uma melhor notação, estando em causa a passagem de notação especulativa para notação de investimento, aumentará por si só a procura pelos títulos portugueses, na medida em que alarga o universo de potenciais investidores. É por isso que todos os sinais que se derem daqui para a frente são tão importantes. A continuada redução do programa de compra de títulos portugueses pelo BCE e a perspectiva de uma melhoria de notação - que implica um caminho que supere, para melhor, as actuais expectativas das agências de rating, convém não esquecer - têm de condicionar também as opções que Portugal tome no curto prazo se queremos reduzir o peso dos juros: os investidores não são burros e percebem quando o fito é gastar mais mesmo que se diga o contrário e só nos concederão um alívio (por redução da rendibilidade exigida) se se convencerem de que estamos mesmo num caminho de sustentabilidade e progressiva redução do peso da dívida. Uma economia como a nossa, não beneficiará de nenhum alívio sustentado nos juros se não for claro que o peso da dívida no PIB vai, efectivamente, reduzir-se a cada ano. Aqui o esforço terá de ser prolongado e consistente, assegurando que Portugal seja visto como um relapso ocasional e não como um relapso recorrente, por via da criação continuada dos superavits primários adequados à redução permanente do peso da dívida. Os bons ventos de hoje não existirão para sempre e, parafraseando o primeiro-ministro, Portugal não pode voltar a falhar. » [Público]
   
Autor:

António Nogueira Leite.

      
 Até tu Moscovici
   
«O comissário europeu dos Assuntos Económicos considerou esta terça-feira que o desempenho económico de Portugal, que já resultou na saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), merece também uma avaliação mais positiva por parte das agências de notação financeira.

“Quando o desempenho macroeconómico melhora, e é esse o caso, e quando as finanças públicas estão mais em ordem, mesmo que subsistam problemas de dívida que não podem ser subestimados, então não será ilógico que aqueles que avaliam a economia portuguesa se deem conta de que os riscos não podem ser olhados hoje com os óculos de ontem, e que há boas razões de confiar mais em Portugal hoje, o que não era o caso no passado”, declarou Pierre Moscovici, perante a comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Ressalvando que “não cabe à Comissão Europeia falar diretamente com as agências de notação”, Moscovici, que respondia a uma questão do eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira, sobre se Portugal poderia esperar uma subida do ‘rating’ após ter saído do PDE, disse que aproveitava a questão para passar a sua mensagem de que “o que se passa em Portugal merece ser olhado de forma positiva e os desenvolvimentos devem reforçar a confiança em Portugal”.» [Observador]
   
Parecer:

Quem não deverá gostar destas declarações é a iletrada Maria Luís, ainda recentemente concordou com a manutenção do rating em lixo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento à iletrada.»
  
 Mais um azar para Passos Coelho
   
«A taxa de desemprego no mês de março atingiu o valor mais baixo dos últimos oito anos. O Presidente da República refere que os números confirmam o bom momento da economia portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa admite até que a descida da taxa de desemprego superou as expetativas. » [SIC]
   
Parecer:
O líder do PSD está mesmo com azar, tudo corre bem ao país, tudo lhe corre mal.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 A brexita deu um tiro no pé
   
«A campanha para as legislativas britânicas de 8 de Junho não está a ser o passeio triunfal que Theresa May previa quando decidiu antecipar as eleições em busca da grande maioria que as sondagens antecipavam. Com a vantagem para os trabalhistas a emagrecer, a líder conservadora lançou na terça-feira um duríssimo ataque contra Jeremy Corbyn, acusando o rival de não estar minimamente preparado para negociar a saída do Reino Unido da União Europeia, a questão “fundamental e determinante” que o país enfrenta.

Desde Abril, quando surpreendeu todos com a decisão de avançar para eleições, que a primeira-ministra britânica e a sua equipa – entre eles o australiano Lynton Crosby, guru da estratégia eleitoral – tentam concentrar a campanha nos dois temas que lhe são mais favoráveis: o “Brexit” (que May promete concretizar sem reservas) e as dúvidas que pairam sobre as capacidades de liderança de Corbyn, deputado da ala socialista do Labour catapultado por um movimento de bases para a liderança do maior partido da oposição.» [Público]
   
Parecer:

Pobre senhora.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas eleições.»