sábado, maio 06, 2017

Previsões, crendices, premonições e manipulação

Na economia de hoje a comunicação tem uma grande importância no comportamento dos agentes económicos, estamos perante comportamentos atomizados cujo comportamento errático é difícil de prever ou de condicionar. Longe vão os tempos das economias fechadas onde a esmagadora maioria dos agentes económicos consumiam em alimentação a quase totalidade dos seus rendimentos.

O rendimento médio de uma boa parte dos agentes económicos permite-lhes uma grande amplitude de decisões. O comportamento dos agentes económicos lembra os movimentos de um cardume de sardinhas ou de um bando de estorninhos, são movimentos aparentemente erráticos, difíceis de prever e que podem ser alterados a qualquer momento.

Os comportamentos antecipacionistas têm um peso cada vez maior, se as pessoas receiam uma situação de crise tendem a poupar, se as expectativas forem boa consomem mais, se receiam um aumento de preços dos produtos importados tendem a preferir esses bens, tudo isto pode mudar a qualquer momento.

É neste quadro que temos de avaliar o papel da informação económica, do discurso político e, em particular, das previsões. Quando Passos Coelho previu a vinda do diabo estava fazendo uma previsão ou pensava estar a empurrar a economia pelo caminho que ele desejava? Quando a Dra Teodora Cardoso erra sistematicamente nas previsões está sendo surpreendida por fenómenos inesperados ou falhou numa tentativa de influenciar o comportamento dos agentes económicos. Quando o FMI faz previsões que mais tarde se revelam desastrosas está errando ou falhando na tentativa de condicionar as políticas?

Quando um político tem funções governativas tende a ser otimista pois se um presidente ou um primeiro-ministro disser que vem aí o diabo, este aparece mesmo. EM contrapartida, não temos memória de ver um político da oposição ter perspetivas otimistas, quem está na oposição passa sempre uma imagem negativa na esperança desta se conformar.

No nosso caso é cada vez mais evidente que anda por aí muita gente a errar nas previsões e só não provocam graves prejuízos à economia porque depois de tanta mentira, de tanto desvio colossal, de tanto erro de aritmética os portugueses começam a desconfiar das previsões pessimistas, começam a perceber que as entidades independentes tentam forçar o governo a aceitar as suas teses, o primeiro-ministro no exílio tem saudades da crise financeira que o levou ao poder e até parece que os bancos parlamentares fazem calos na Maria Luís.