sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura




 Jumento do Dia

   
Fernando Ulrich, funcionário

O homem que izia que o povo aguentava acabou por não aguentar.


«O presidente executivo do Banco BPI, Fernando Ulrich, que vai deixar o cargo para passar a presidente do Conselho de Administração ('chairman'), garante que vai manter o mesmo empenho nas novas tarefas, mas sem tanta pressão como tem tido.

"Eu não vou ter saudades do BPI porque eu continuarei completamente comprometido com o BPI. Espero talvez com um pouco menos de 'stress', até porque vou fazer 65 anos no dia da assembleia-geral (AG)", que servirá, entre outras matérias, para passar a pasta executiva ao espanhol Pablo Forero, afirmou Ulrich.

"Saudades não vou ter nenhumas porque continuo cá. Já trabalho há 45 anos e já não tenho a energia que já tive", reforçou, para justificar o pedido que apresentou para deixar a comissão executiva do Banco BPI, na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank.» [Expresso]

      
 Lamento ver gente à direita achar que tudo isto é normal
   
«Dizem os anti-anti-Trump que não se pode comparar Trump a Hitler, como têm feito os seus críticos mais insensatos. Claro que não pode. Não se pode comparar ninguém a Hitler, ninguém que não tenha praticado genocídios. Trump é demagogo, desonesto, autoritário, xenófobo, e vive bem com apoiantes violentos, mas isso não faz dele um Hitler. Não se pode comparar, têm-nos dito. E têm razão. O problema é esse: não se pode comparar Trump com ninguém, ou pelo menos com nenhum Presidente de que nos lembremos, porque nenhum era tão inexperiente, tão incompetente, tão descabido para a função. Trump é incomparável. Demasiado mau para ser verdade, é a verdade a que temos direito desde uma aziaga madrugada de Novembro.

Quase tão mau como comparar Trump a Hitler é defender que Trump é um Presidente normal, igual a outros, bons ou maus. Ou que não é normal mas deve ser “normalizado”. Trump não é normal nem deve ser normalizado porque não se trata de uma figura com um ideário político definido, que usou uma linguagem extremada durante a campanha eleitoral como homem do espectáculo que é, mas que depois se encheu de “gravitas”e bom senso. Não foi isso que aconteceu. Trump-presidente é tão estapafúrdio como Trump-candidato, e muito mais perigoso. É aliás isso, a ameaça que advém do poder, que o distingue dos seus críticos mais insuportáveis, os quais, sendo insuportáveis, são articulistas ou cantores ou celebridades, não são o Presidente da única potência mundial.

De resto, que ideias tem o homem? Já foi Democrata e Republicano, faz questão de dizer que não é conservador, mudou de discurso várias vezes em várias matérias, da guerra aos costumes, tem noções infantis sobre a política internacional (como “acabar com o terrorismo” ou “resolver a questão israelo-árabe”). Sabemos que é um populista que fala para os descamisados da globalização, mas isso tanto define um Trump como uma Le Pen, que é de direita, um Iglesias, que é de esquerda, ou um Grillo, que não é de esquerda nem de direita.

Sabemos que tem um fraquinho por déspotas, e que acha a tortura aceitável. Sabemos que acredita em teorias da conspiração, que incentiva paranóias e inventonas. Sabemos que é a encarnação mais recente dos demónios da direita americana: o isolacionismo, o autarcismo, o racismo, embora tenha sido até agora o único porta-voz dessas ideias que triunfou numa eleição nacional, depois de uma década na qual o Grand Old Party se viu desfigurado com o basismo do Tea Party e o facciosismo da Fox News, que são o Occupy e o “Monde Diplomatique” dos cábulas.

As ideias de Trump, aquelas que conhecemos, são más ou assustadoras. Mas o que é verdadeiramente tóxico é o seu discurso, a sua personalidade, o seu destempero, os tweets de madrugada, lamentáveis como os de um adolescente frustrado. Como candidato e depois como Presidente, Trump insultou um herói de guerra, a família de um soldado morto no cumprimento do dever, um juiz por ser hispânico, outro juiz a quem chamou “suposto juiz”, os serviços secretos, um jornalista por ser deficiente, a imprensa em geral, os mexicanos, metade do eleitorado inglês, os muçulmanos, diversos actores. E o elenco não é exaustivo.

Algumas destas frases surgiram como tiradas ocasionais, em comícios, em 140 caracteres, em momentos de maus fígados. Outras são recorrentes, formam um padrão, e já se concretizaram em acções executivas, por exemplo a decisão de suspender os vistos de cidadãos de países suspeitos de promover o terrorismo.

Excepto, é claro, a insuspeita Arábia Saudita, ou os países árabes nos quais Trump tem negócios. Acrescente-se aliás que só os negócios de Trump, dos quais não vai abdicar, ou não vai abdicar de verdade, são uma incompatibilidade clamorosa com o cargo que ocupa, um conflito de interesses que faz corar de vergonha um Berlusconi, o homem que, à direita, inaugurou a moda dos líderes inacreditáveis, sem projecto e sem maneiras.

Não culpo o eleitorado. O eleitorado não queria mais dinastias Bush e Clinton. O eleitorado, ou uma boa parte dele, sente o chão a fugir debaixo dos pés. Compreendo isso, e sou adepto de que se “normalizem” os eleitores, que têm as suas razões, algumas das quais atendíveis. O que não aceito é a pusilanimidade dos eleitos. E parece-me que há qualquer coisa de errado num partido que candidata um homem como John McCain e, oito anos depois, nomeia Trump. Foram as bases, bem sabemos, contra as elites. Foram os cidadãos da América profunda, os descontentes com o politicamente correcto, os do colarinho azul, as maiorias que se sentem minoritárias, foram esses e outros, mas esses de certeza.

O povo Republicano decidiu assim, está decidido, mas que princípios têm os dirigentes Republicanos que depois do que disseram contra Trump o aceitaram como se nada fosse? Não me refiro às tristíssimas figuras dos Christies ou Giulianis, mas a pessoas como o candidato republicano em 2012, Mitt Romney, que chegou a escrever: “Hoje, há um combate entre o Trumpismo e o Republicanismo. Através das declarações premeditadas do seu líder, Trump ficou associado ao racismo, à misoginia, à intolerância, à xenofobia, à vulgaridade e, mais recentemente, a ameaças e violências.” Hoje sabemos que o Presidente-Trump não se distingue do candidato-Trump, e que aquilo que era desgostante é agora perigoso.

Lamento ver gente à direita achar que tudo isto é normal, ou a mostrar alguma simpatia por Trump, esse direitista sem super-ego, quanto mais não seja porque “chateia a esquerda”, argumento de uma notável elevação intelectual. Mas fiquei satisfeito com o facto de os intelectuais conservadores terem sido uma das únicas forças organizadas à direita a fazer campanha contra Trump: William Kristol, David Brooks, George Will, Charles Krauthammer, Robert Kagan, Ross Douthat, e outros, denunciaram Trump meses a fio. Talvez porque não têm nada a perder, porque não estão dependentes dos eleitores zangados, porque podem defender sem coacção as ideias em que acreditam, ideias que Trump despreza, incluindo algumas das que estão inscritas na Constituição Americana.

Em Fevereiro de 2016, a “National Review”, a mais importante revista conservadora americana, deu à estampa um número temático que logo na capa anunciava: “Against Trump.” Um ano depois, não há razão para mudar de manchete.» [Expresso]

      
 Nova vaga de informação do Caso Marquês
   
«A resposta a uma carta rogatória enviada recentemente pelas autoridades suíças permitiu ao Ministério Público detectar duas transferências de 100 mil euros para offshores na Suíça, uma controlada por Rui Horta e Costa, administrador do empreendimento turístico de Vale do Lobo e até ontem administrador não-executivo dos CTT e outra para o presidente do grupo que gere o resort, Diogo Gaspar Ferreira, também suspeito no caso.

Rui Horta e Costa foi constituído anteontem arguido no âmbito da designada Operação Marquês por ser suspeito da prática de “crimes de corrupção activa, fraude fiscal, branqueamento e abuso de confiança”, confirmou ontem a Procuradoria-Geral da República. Diogo Gaspar Ferreira já é arguido desde Junho de 2015. Os dois são suspeitos de corromperem o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, e o ex-ministro socialista, Armando Vara, para obterem um financiamento com condições especiais na Caixa Geral de Depósitos, banco onde Vara foi administrador. O empréstimo foi usado para adquirir com mais três investidores o empreendimento de Vale do Lobo por 230 milhões de euros no final de 2006.» [Público]
   
Parecer:

Eis que surge mais uma vaga de informações do Caso Marquês que inunda as redacções dos jornais, até parece mais uma sessão do julgamento na praça pública.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se à PGR que passe a nomear um adido de im prensa em cada caso judicial, para que o país ande bem informado dos indícios, suspeitas, acusações e supostas provas encontradas ou procuradas.»
  
 Este Schäuble quase nos faz gostar do Trump
   
«O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, avisou a Grécia que terá de cumprir o seu compromisso de reformas ou, caso contrário, terá de sair a zona euro.

“A pressão sobre a Grécia tem de ser mantida, para que faça reformas e para ser competitiva”, afirmou Schauble na televisão germânica ARD. “De outra forma não podem continuar na união monetária”, concluiu, acrescentando que se Atenas cumprir com o que se comprometeu, o actual programa de assistência será implementado com sucesso até 2018, cita o portal alemão Finanzen.

Sobre outros dos assuntos do momento, o ministro germânico diz que “não gosta muito” da forma como Administração Trump “trabalha” e isso, considera, “é matéria de grande preocupação”. No entanto, defende que os europeus devem lidar com Donald Trump de forma “razoável”. “Nós estamos relaxados, mas ao mesmo tempo firmes na nossa atitude”, garantiu.» [Público]
   
Parecer:

É difícil dizer o que seria pior, se Trump presidente ou se este traste em chanceler.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao senhor que fale o menos possível porque cada vez que abre a boca a extrema-direita ganha votos.»

 política alternativa, patriota e de esquerda
   
«O secretário-geral do PCP reafirmou esta quinta-feira a “política alternativa, patriótica e de esquerda” sem transigência para com “manobras ou pressões” internacionais, europeias ou internas, incluindo do Governo PS, que “não rompe com a política de direita”.

“O PCP prosseguirá a sua intervenção determinada pelo seu compromisso com os trabalhadores, o povo e o país. Tendo presente as possibilidades e a necessidade de dar resposta às suas aspirações e direitos, não iludindo limitações, constrangimentos e contradições resultantes das opções e orientações do Governo PS”, afirmou Jerónimo de Sousa.

Em conferência de imprensa na sede nacional dos comunistas, em Lisboa, o líder comunista disse que o PCP vai dar especial atenção a temas como: produção nacional, submissão ao euro, renegociação da dívida, controlo público da banca, valorização de salários, legislação laboral e combate à militarização da União Europeia e predomínio da NATO.» [Expresso]
   
Parecer:

Parece que Jerónimo de Sousa organizou uma tentativa de transformar a geringonça num PEC, primeiro começou a sugerir um novo acordo a meio da legislatura, de seguida mandou o Aménio dizer que o acordo estava esgotado na área liberal, agora é ele próprio que assume a liderança do processo.

A tese é a de que sem o PCP o PS resvalaria para a direita por iniciativa própria ou por insistência dos estrangeiros e tenta liderar o processo propondo aquilo que designa por "política alternativa, patriota e de esquerda".

Pode ser que seja desta vez que Jerónimo de Sousa explique aos portugueses o que é isso da "política alternativa, patriota e de esquerda".
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se a Jerónimo o que é essa política milagrosa.»

 Este excitadinho aparece de vez em quando
   
«O eurodeputado do PSD Paulo Rangel diz que depois de ser conhecida a correspondência entre António Domingues e o ministro das Finanças “só já há uma solução: a demissão de Mário Centeno.” O social-democrata afirma, em declarações ao Observador, que “os últimos acontecimentos demonstram que o ministro mentiu descarada e despudoradamente ao país, à opinião pública e ao Parlamento”, logo “a demissão é a única forma de assegurar a dignidade a credibilidade externa do Governo.”

Paulo Rangel não vê outro caminho senão o afastamento de Centeno, depois de se saber que “o Governo, através do ministro das Finanças e do Secretário de Estado Mourinho Félix andaram a fazer uma lei especial com escritórios privados.” O eurodeputado acrescenta ainda que esta “já não é a primeira vez, depois de levarem um administrador privado a negociar com a Comissão Europeia e o BCE a recapitalização do banco público. Isto demonstra a promiscuidade desta equipa das Finanças.”» [Observador]
   
Parecer:

Há que demitir quem tem desmentido a aritmética do PSD.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»