sexta-feira, fevereiro 24, 2017

Umas no cavo e outras na ferradura





 Zeca Afonso



 Montreal, em Junho de 1974 (Imagem de A. Moura)

 Jumento do Dia

   
Hugo Soares, representante do ex-governo das direitas

Hugo Soares, um dos deputados mais activos na defesa do governo das direitas vem falar em estatização do emprego. Estatização porque para ele a esquerda só sabe estatizar, estatiza-se o emprego para ganhar as eleições autárquicas. Esta mania dos defensores de um governo das direitas de que para ganhar as autárquicas o PS precisa de manobras é ignorar a realidade e esta mostra que o PSD e o CDS não estão nos seus meelhores momentos.

De qualquer das formas seria de perguntar a Hugo Soares se por estatização do emprego entende a criação de estágios para eliminar desempregados das estatísticas oficiais, prática seguida pelo governo das direita no ano eleitoral de 2015. Aliás, nesse ano estatizaram tudo e mais alguma coisa, principalmente os reembolsos do IVA às empresas exportadoras, para promoveram a famosa fraude eleitoral do reembolso da sobretaxa de IRS.

«A acusação foi feita pelo deputado Hugo Soares, na abertura de uma interpelação sobre a reforma do Estado, no parlamento, afirmando que este “Governo de entretém”, que faz “oposição à oposição”, só tem um objetivo: “não deixar de ser Governo.”

“Em vez de dinamizar a economia para gerar riqueza e desemprego, o Governo das esquerdas estatiza o emprego para gerar e gerir clientelas eleitorais”, afirmou Hugo Soares, para uma bancada do governo com dois ministros: Eduardo Cabrita (Adjunto) e Maria Manuel Leitão Marques (Presidência e Modernização Administrativa).» [ECO]

 Dúvidas que me atormentam a alma



Quantas das empresas ou personalidades donos dos 10.000.000.000€ transferidos discretamente para inocentes off shores solarengas serão clientes do actua ou anterior escritório de advogados de Paulo Núncio?

E já que falamos de Paulo Núncio, para quando a sua t´ão esperada e badalada promoção a sócio da Morais Leitão?

 Explicação peregrina

Graça Franco, jornalista da RR, tranquilizou-nos garantindo que as transferências para as off shore poderãop ser analisadas num prazo de 12 anos. Ainda bem, depois de cobrar todos os impostos de circulação e de vender todas as barracas por dívidas fiscais a máquina fiscal ainda terá tempo de analisar as transferências. Esperemos é que não voltem a ficar esquecidas.

O curioso é que uma jornalista tão rigorosa e agressiva, neste caso admite incompetência ou desvio estatístico. Enfim, está tudo explicado.

 Paulo Núncio, como todos, é inimputável



Não vale a pena perder tempo questionando Paulo Núncio sobre os dinheiros da off-shore, neste como em qualquer outro processo do fisco o ex-secretário de Estado, à semelhança de outros governantes, é inimputável. Não porque tenha estado internado ao longo do seu mandato governamental ou, como diria Marcelo Rebelo de Sousa, por ser lé lé da cuca. Paulo Núncio é inimputável porque não falou, não ordenou não deu instruções. Bem, deve ter dado centenas de instruções, mas a verdade é que é provável que nenhuma tenha sido passado a escrito.

É evidente qual a argumentação de Paulo Núncio, vai defender-se à custa dos funcionários, algo que não é novo em membros do governo de que fez parte. Vai argumentar que não lhe cabia gerir a AT e se alguém se esqueceu de fazer o que lhe cabia não é ele o responsável. Poder-se-ia questionar se não seria politicamente responsável, mas agora que vive dos rendimentos num grande escritório de advocacia da capital isso sabe a favas depois de almoço.

Também não vale a pena chamar ao parlamento os dirigentes do fisco ara os questionar sobre esta matéria, nenhum dele vai dizer que Núncio lhe deu uma ordem, seria a palavra de um funcionário contra um ex-secretário de Estado. Acontece que não há deputados dos funcionários, enquanto Paulo Núncio conta com muitos para o defender, algo que nem seria novidade.

Ninguém iria assumir que ajudou milhares de milhos de euros a sair pela porta das traseiras em resultado de uma ordem ilegal de um político. Estas coisas não se fazem assim, por algum motivo os governantes gostam de homens de confiança. Estes não precisam de ouvir ordens ilegais, são como os cães dos caçadores, ao mais pequeno gesto do dono eles percebem qual é a ordem e fazem obedientemente o que lhes é mandado, muitas vezes só com um olhar.

É mais fácil saber que ordens deu D. Manuel II as seus nobres do que as que entre 2011 e 2015 Paulo Núncio deu aos dirigentes do fisco. Em relação ao reinado de D. Manuel II há história, os manuais dedicam-lhes muitos capítulos, no que respeita ao reinado fiscal de Paulo Núncio há uma branca, quem quiser saber o que se passou, como neste caso das off shore, terá de ir ler o relatório da AT. É como se no tempo de D. Manuel a história fosse feita pelo moço da cavalariça.



Enfim, Paulo Núncio, tal como muitos dos seus pares, é daqueles que quando vai tomar banho sabe muito bem onde deixa a roupa.

PS: Aguarda-se que Lobo Xavier vá ao programa Quadratura do Círculo divulgar emails ou mensagens de SMS provando que a culpa não é do seus amigo e "subordinado" Paulo Núncio, mas sim de um qualquer pobre coitado da AT.

 Dúvidas que me atormentam

Alguém neste país precisa de aprender o que é a democracia com lições dadas pela assunção cristas ou pelo Montenegro?

      
 Estamos safos
   
«Agora que todos acabámos de saber que uma pequena estrela aqui na nossa vizinhança cósmica tem a acompanhá-la sete planetas mais ou menos do tamanho da nossa Terra, perguntamo-nos: será que estes novos mundos têm temperaturas nem muito altas nem muito baixas e condições ambientais amenas? Que a água existe? Que há rios que desaguam em oceanos? E, a interrogação derradeira, que nos interpela directamente como espécie inteligente que vive num planeta com tanta diversidade biológica, terá a vida surgido também nalgum destes sete planetas? Ou, simplesmente, como são as suas paisagens?

Houvesse telescópios suficientemente potentes (não há) para que os nossos olhos alcançassem as superfícies destes planetas, em órbita de uma estrela a 40 anos-luz de distância de nós (a luz dela demora 40 anos a chegar-nos, o que em termos cósmicos não é nada), e talvez já tivéssemos mais certezas para algumas das perguntas. Mesmo para chegar até à descoberta destas “sete irmãs da Terra”, revelada na edição desta quinta-feira da revista Nature, por uma equipa internacional coordenada pelo investigador belga Michaël Gillon, da Universidade de Liège, foi preciso percorrer um longo caminho.» [Público]
   
Parecer:

Agora só teremos de esperar que seja inventado um novo meio de transporte que demore menos do que os 44 milhões de anos que levaria um avião a chegar ao novo paraíso, sem contar com as muitas dezenas de petroleiros necessários para o reabastecimento. Com um bocado de sorte isso pode suceder antes da próxima grande colisão de um meteorito.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Festeje-se.»
  
 Dá vontade de rir
   
«E terá sido em paga deste favor que Manuel Vicente terá solicitado, em 2012, ao administrador do BCP José Iglésias Soares, “pessoa da sua confiança” e com quem trabalhara, que sugerisse à Comissão Executiva a contratação de Orlando Figueira. Figueira tinha, entretanto, solicitado ao Conselho Superior do Ministério Público uma licença sem vencimento de longa duração. Isto, alegando que os cortes aplicados à sua “situação remuneratória” como procurador, o tornavam incapaz de responder perante os encargos assumidos com a banca. 

E em Novembro de 2012, o ex-magistrado é contratado pelo BCP, em regime de prestação de serviços para dar apoio ao departamento de compliance, com uma avença mensal de 3500 euros. Durante os três anos e quatro meses a desempenhar funções de consultor externo no grupo BCP, auferiu um total de 140 mil euros. Quantia que Orlando Figueira complementava com outra que lhe era entregue, em paralelo, por sociedades ligadas a Manuel Vicente. Ao contrário das remunerações do BCP, declaradas ao fisco, o magistrado só as regularizaria em 2015, já com a pressão judicial a correr contra si.» [Público]
   
Parecer:

Considera-se provado que um dos "pagamentos" do vice-presidente de Angola foi um emprego no BCP, mas ninguém do BCP é alvo de uma acusação.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se, o respeitinho pelos bancários das administrações dos bancos é muito bonito.»