quarta-feira, outubro 12, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura


  
 Jumento do dia
    
Teodora Cardoso

Afinal a desgraça não foi assim tão grande e Teodora Cardoso que durante meses foi uma endiabrada opositora deste governo vem admitir que Portugal não cumprirá a meta dos 2,5% de défice por pouco, digamos que por um danoninho. Se fizermos a projecção das previsões de Teodora Cardoso teremos de concluir que daqui a dois meses ainda vai concluir que o défice respeita.

Mas, o mais lamentável na posição do seu Conselho Superior de Finanças Públicas está em ignorar o mais importante dos fatores que contribuíram negativamente para as contas de 2016, algo que ignorou todos estes meses, a receita fiscal negativa que resultou dos reembolsos do IVa e dos abusos na retenção na fonte de IRS.

«O Conselho das Finanças Públicas mantém a previsão de que o Governo vai falhar a meta do défice acordada com Bruxelas (2,5%), mas por pouco. No relatório publicado esta terça-feira, a entidade liderada por Teodora Cardoso mantém “em termos prospetivos para o conjunto do ano a projeção que publicou em setembro.” Ou seja: 2,6% do PIB de saldo global e 2,8% quando descontadas as medidas extraordinárias.

A CFP destaca que mantém igualmente os “riscos assinalados” em setembro, “em boa parte decorrentes das especificidades do exercício orçamental de 2016”. Para o segundo semestre, em particular nos últimos três meses, a perspetiva não é otimista nem do lado da despesa (devido ao impacto das 35 horas nos encargos salariais da função pública), nem do lado da receita (com o abrandamento do crescimento da receita fiscal, devido à descida do IVA na restauração e à conjuntura internacional). Como consta no relatório os riscos são:

O aumento das despesas com pessoal (em função da reversão faseada das reduções remuneratórias dos trabalhadores públicos e da diminuição do horário semanal de trabalho dos trabalhadores em funções públicas de 40 para 35 horas a partir de 1 de julho), o impacto negativo na receita do IVA decorrente da diminuição da taxa deste imposto para o sector da restauração a partir de julho, conjugados com o abrandamento do crescimento da receita fiscal e uma evolução da economia nacional e internacional abaixo do previsto no cenário macroeconómico subjacente ao OE/2016 tornam o exercício de execução orçamental na segunda metade do ano (e em particular nos últimos três meses) particularmente exigente.”» [Observador]

 Igualdade?

Pagam menos impostos, terão o exclusivo das paragens de táxis e dos clientes que procurem um transporte de dedo no ar, podem ser arruaceiros apesar de mais meia dúzia de horas de falsa formação, serão deles as praças e mesmo assim têm medo da competitividade da UBER?

 Haja esperança

Com o resgate a Portugal os ideólogos da nossa direita (ou extrema-direita chique) apoiaram uma experiência de política económica inovadora. Com a perda das eleições a esperança passou a ser um segundo resgate, isto depois de todas as rezas para que a execução orçamental fosse um desastre ou para que se aplicassem sanções punitiva ao país. mas parece que a aposta agora é outra:

«O que vai provocar mudanças em Portugal não é o neo-liberalismo ou a Sra. Merkel, são os desequilíbrios e as desadequações do regime vigente perante uma nova economia, como no caso dos táxis.»

O problema é que Rui Ramos não se deve ter apercebido da posição de Passos Coelho acerca da manifestação dos táxis, é ao líder da extrema-direita chique que as suas palavras se aplicam que nem uma luva.

 Volta Miguel Relvas, fazes muita falta

Um dos momentos que marcou a noite dos taxistas foi a intervenção de um dos líderes do sector, discursando já passava da meia-noite e referindo como bandeira a intervenção de Passos Coelho sobre a manifestação. Passos Coelho achou que os voto dos taxistas eram um importante ganho eleitoral e decidiu vir em defesa de uma das partes.

Este Passos já não é o Passos dos primeiros tempos, é o Passos Coelho pós Relvas, um passos pobre de cabeça, sem estratégia, mais parecendo um cata-vento em dia de tempestade.

      
 Lamento pelos taxistas que se perdem
   
«Sou cliente, diário, de dois a três táxis em Lisboa. Devo andar em 800 táxis por ano, sou testemunha experimentada. A metade daria nota negativa pela qualidade do carro, condução ou educação do motorista. Metade se calhar não é uma má média. O taxista gatuno que agarrou a minha nota de vinte euros e a transformou, num ápice, em nota de cinco, é redimido (aconteceu, aliás, de uma semana para outra) pelo taxista honesto que me chamou, já da janela, por eu não ter recebido dez euros de troco que faltavam. Os dois episódios revelam um dos dilemas não resolvidos do taxista. Os comerciantes em geral tentam conquistar o cliente porque, merceeiro ou relojoeiro, eu troco-o por outro se me desagradam - a porta é fixa e eu sei onde param os maus. Já o taxista, chamado pelo meu levantar de braço no passeio, pode achar-se desobrigado de me servir bem. Os maus acham-se, os bons, não. Metade lava a outra, diria eu, se a verdade não fosse oposta: suja. Quando os taxistas em conjunto se metem numa manifestação de força há muitas probabilidades de a coisa correr mal. Os boçais são as vedetas e a lama salpica todos, quer dizer, os bons também. Acresce que a liderança dos taxistas não prima pela inteligência, a prova é convocarem uma manifestação perto do aeroporto da Portela. Aí, a relação entre os taxistas bons e maus não é metade, metade... Um taxista a dizer no aeroporto que a sua causa é justa tem o crédito de Trump a dizer que é um cavalheiro.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 O gato está lá por mero acaso
   
«O julgamento das polémicas Festas de São João, em Mourão, Vila Flor, começou hoje com a população da aldeia a alegar que a tradição afinal não é a "Queima do Gato", mas a "Queima do Vareiro", ou seja, de um pau.

O tribunal de Vila Flor, distrito de Bragança, ouviu durante a manhã a maior parte das testemunhas arroladas no julgamento em que a mulher de 64 anos que se disse dono do gato e em que a defesa quer demonstrar que a tradição não é a que tem sido evocado com o fundamento de "tempos imemoráveis".

A maior parte das testemunhas começou por dizer que nunca viu nenhum gato ser colocado no pote atado no cimo de um pau (vareiro) enrolado em palha, à qual era ateado fogo, acabando o pote por cair em cima das chamas com o animal a correr desorientado entre a assistência, como se vê no vídeo da polémica, divulgado na Internet, depois das festas de junho de 2015.» [DN]
   
Parecer:

É uma aldeia divertida.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se que nas próximas festas da freguesia metam o presidente da junta em cima da vara.»
  
 Um pequeno engano
   
«Peço desculpa a todos. O que eu queria dizer era o contrário, que as leis são como as meninas virgens, não devem ser violadas.” É assim que Jorge Máximo, o taxista que esta segunda-feira causou revolta ao dizer que “as leis são como as meninas virgens: são para ser violadas”, se retrata. As palavras de Jorge Máximo, associado da Federação Portuguesa do Táxi, ao canal de televisão CMTV geraram uma revolta viral nas redes sociais e podem vir a ter consequências. Com o que disse, o taxista arrisca-se a ser alvo de um processo crime. A Plataforma feminista Capazes está a preparar uma queixa e a ponderar uma carta aberta. A Procuradoria Geral da República ainda não se pronunciou, mas uma jurista da Associação de Mulheres Juristas defende que há matéria para abertura de inquérito.

“É uma declaração muito mais que ofensiva. Consideramos que encerra comportamento criminoso contra as mulheres. É uma declaração produzida na televisão que é real e que incide sobre a dignidade das mulheres. É um incentivo a um ataque sexual e tem de haver uma resposta”, diz ao Expresso Rita Ferro Rodrigues, representante da plataforma feminista Capazes. As juristas da plataforma estão a analisar a matéria legal para enquadrar a queixa, mas as Capazes pensam também em fazer uma carta aberta à Federação Portuguesa do Táxi no sentido desta se demarcar.

Contactado pelo Expresso, Carlos Ramos, Presidente da Federação Portuguesa do Táxi, condenou as declarações e disse que a associação se irá demarcar delas publicamente. Esta não terá sido a primeira vez que Jorge Máximo disse a frase. “É condenável a todos os níveis. É mais uma expressão de um industrial que contribuiu para a má imagem que nós já temos. Deixou mal a classe, e já não é a primeira vez que o diz. Há uns tempos repetiu a frase numa reunião e tivemos de o chamar à atenção.”» [Expresso]
   
Parecer:

Pois, todos percebemos que tinha sido um engano, esperemos é que o seu táxi fique vedado a virgens não vá ter outro engano.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada»