sábado, maio 28, 2016

A 'Assis'tência a Passos Coelho

Agora que Passos abandonou a câmara ardente para tentar ressuscitar como líder da oposição, antes que Assunção cristas lhe fique definitivamente com o lugar, não admira que o Expresso faça capas com divergências entre Marcelo e Costa, ou que o cardeal se lembre da liberdade de escolha que nega aos crentes em muitos capítulos, mas defende para as escolas. O que admira é que tenha aparecido o Assis para branquear o líder do PSD, apresentando-o como uma espécie de social-democrata.
  
Francisco Assis descobriu que Passos Coelho não é um neo-liberal e encontrou um argumento decisivo para o trazer mais para a esquerda, antes de ser primeiro-ministro Passsos parecia uma neo-liberal e até apresentou um projecto de constituição que não deixava dúvidas. Mas quando chegou ao governo Passos deixou de ser um neo-liberal pois esqueceu o seu projecto de revisão constitucional.
  
Com este argumento o abastado euro-deputado do PS chamou lorpas a todos os portugueses. Talvez por ganhar umas notas valentes em Estrasburgo Assis não deu conta das medidas de austeridade e a distância levou a que não se tivesse apercebido do que por cá se passou. É verdade que os seus amigos seguristas pouco ou nada questionaram a constitucionalidade das medidas de Passos, mas a verdade é que por várias vezes e contra a vontade dos seus amigos as medias de Passos foram declaradas constitucionais.
  
Passos esqueceu o seu projecto de Constituição porque com a corrente de Assis na liderança do PS e Cavaco em Belém não era preciso qualquer revisão da Constituição, bastava desrespeitá-la sistematicamente. Seguro esqueceu-se do que foi feito contra os valores constitucionais, esqueceu-se do muito que se Passou   e agora vem branquear Passos Coelho.
  
Para Assis  a linha que separa as suas simpatias está entre ser ou não um neo-liberal, como se houvesse uma grande distância entre aquilo que ele tem defendido e o que designa por neo-liberal. Só que o problema não está na natureza das políticas mas sim na legitimidade, não só a legitimidade constitucional, mas também a legitimidade eleitoral.
  
O Passos Coelho que Assis vem tentar salvar aos olhos dos eleitores do seu próprio partido, é um político que tentou reformatar a sociedade portuguesa sem ter mandato para o fazer, tendo recorrido à chantagem externa para impor o seu projecto político. Agora que o mesmo Passos tenta usar a chantagem externa para regressar ao poder eis que é Assis que vem em seu auxílio. Assis tem direito à sua ambição política, mas está indo longe demais ao tentar ajudar o líder do PSD.
  
Francisco Assis tem-se a si próprio e grande conta e está convencido de que com estas ajudinhas consegue levar os eleitores da esquerda a esquecer quem é e quem foi Passos Coelho, vão esquecer-se dos que não receberam assistência nos hospitais, das turmas com alunos a monte ao mesmo tempo que se financiavam generosamente as turmas dos colégios com menos de 20 alunos, vão perdoar os cortes de pensões e de vencimentos, vão perdoar os aumentos de horários de trabalho sem qualquer negociação ou contrapartida.

Isto de ver Francisco Assis armado em estação de serviço de Passos Coelho chega a enojar.