quarta-feira, abril 06, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do dia
     
Carlos Costa, governador do BdP inimputável

O governador do Banco de Portugal não tem responsabilidades, a culpa é de tudo e de todos menos dele, o homem que foi reconduzido pela sua experiência diz agora que quem manda é o BCE, o mesmo BCE cujo poder invocou para que os funcionários do VdP tivessem beneficiado de um oásis quando os funcionários do Estado foram condenados a uma dose brutal de austeridade.

«As atas das reuniões que tomaram as decisões negativas para o Banif existem, mas são propriedade do eurosistema cujos participantes têm de autorizar a divulgação. Mas o Banco de Portugal também faz parte desse eurosistema e não precisa de receber uma notificação formal sobre essas decisões, volta a explicar Carlos Costa, a uma pergunta de Miguel Tiago.

O governador explica agora porque recomendou que não fosse acionado o mecanismo de conversão do capital em direitos de voto, perante o incumprimento do plano de recapitalização pelo Banif. Carlos Costa lembra que na altura decorria um aumento de capital privado (julho de 2013) e não era a melhor altura. Mas depois, o governo poderia tê-lo feito. E não cabe ao Banco de Portugal substituir-se ao Estado, conclui.» [Observador]

      
 Um governador que sabe o que quer
   
«Quando se sentar hoje na sala 6 do Parlamento, onde vai ser ouvido no âmbito da comissão de inquérito ao Banif, o governador do Banco de Portugal (BdP) estará ciente de que vai ter uma tarde intensa e uma mão-cheia de dúvidas por dissipar. Mas há uma, que surgiu nos últimos dias, que inquieta particularmente os deputados: como é que, numa semana, Carlos Costa deixou de defender uma segunda injeção de capitais públicos no banco para regressar à sua posição original, a de que a aplicação de uma medida de resolução seria a melhor alternativa?

A aparente contradição está documentada em cartas enviadas, a 4 e 12 de dezembro do ano passado, pelo supervisor ao ministro das Finanças, mas não deixa de ser uma incógnita para as diversas forças com assento parlamentar. "O BdP entende que a solução que melhor permite lidar com a situação de crise financeira grave que o Banif enfrenta (...) é a realização de uma operação de capitalização obrigatória com recurso ao investimento público", escrevia Costa a Mário Centeno, dando cinco dias ao governante para lhe transmitir qual era o entendimento das Finanças perante uma proposta que também já tinha formulado a Maria Luís Albuquerque. E afastava assim a solução que em 2013 considerava ser necessária para manter o banco fundado por Horácio Roque à tona, a resolução.» [DN]
   
Parecer:

OI homem não pede a demissão?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Em quem podemos confiar
   
«Um inspector-chefe da Polícia Judiciária (PJ) e um coordenador reformado também da PJ foram detidos esta terça-feira, juntamente com outros 13 homens, por suspeitas de corrupção activa e passiva, branqueamento de capitais, associação criminosa e tráfico de estupefacientes.

Ambos terão recebido, pelo menos nos dois últimos anos, milhares de euros de traficantes. Pelo alegado suborno, terão travado investigações, ignorado casos suspeitos de tráfico de droga que não averiguavam e passado informações a quem lhes pagava. Além de elevadas quantias monetárias, os dois polícias terão também recebido outro tipo de vantagens patrimoniais.

Para os traficantes, os dois investigadores tinham um lugar privilegiado na Polícia Judiciária, importante para os seus interesses. O inspector-chefe trabalha há já vários anos na Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) da PJ, onde dirigia uma das três secções, ocupando um cargo que deveria estar entregue a um profissional de categoria superior, um coordenador de investigação criminal. Tal não sucedia, como acontece em muitas outras situações devido à enorme falta de chefias na PJ.» [Público]
   
Parecer:

Depois do caso dos vistos gold sabe-se deste, mais uma vez é a credibilidade de importantes instituição do Estado que está em causa. Para além dos seus contornos criminais este caso devia ser considerado um case study e ser analisado para se compreender como se explica a vulnerabilidade daqueles que eram líderes no combate ao tráfico.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente e elogie-se a capacidade da PS de investigar os seus.»