quinta-feira, junho 30, 2011

O fraco rei faz fraca a forte gente

Talvez por estarmos sempre à beira de uma qualquer bancarrota o país não reflecte sobre o grave problema de liderança que atravessa desde há muitos anos e talvez seja a causa de muitos dos nossos males. Temos um Presidente da República que tem orgulho em dizer que tínhamos a fama de sermos um bom aluno aquando do processo de adesão à CEE, temos dirigentes políticos que entre as mordomias autárquicas e a liderança do partido optam pelo comodismo pessoal, temos ex-líderes partidários que aceitam o papel de bruxos de Carnaxide.

O país sofre de uma grave crise de liderança a todos os níveis, a meritocracia deu lugar à burocracia, a ética é coisa em extinção, o único valor perseguido pelas nossas elites é o enriquecimento rápido e fácil. Isto chegou ao ponto de um professor de uma universidade de uma universidade de segunda linha chegar a ministro e descobrir que o problema é a falta de uma bandeirinha ou o tratamento mais ou menos reverencial dos doutores. A falta de grandeza a que este país leva a que conhecidos articulistas cheguem à conclusão de que só por tratarmos o homem por Álvaro devemos concluir que é o almirante que nos levará para lá do Bojador.

Não admira que um país onde os fracos se revelam os mais aptos para vencer seja um país cada vez mais fraco. E o sucesso desta miséria colectiva em que nos afundamos está no facto de termos conseguido levar a presidente da Comissão Europeia um produto acabado da miséria que graça nas nossas elites. Sinal de que como se percebe pela crise financeira que a Europa enfrenta não é um exclusivo nacional.

De que serve dizer que a solução está na competitividade e na exportação se na última campanha eleitoral os empresários que mais se destacaram foram os que enriqueceram em empresas oportunistas que exploraram o crédito fácil e o consumo? Alguém viu um industrial envolvido na exportação a participar numa arruada ou a comentar nas televisões? Em Portugal o sucesso passa por um mercado interno e de preferência em sectores sem grande concorrência, pela evasão fiscal, pelo golpe baixo, pelo favor político. Não há empresas competitivas porque não há concorrência, porque é mais fácil enriquecer com corrupção, com empresas que ou recorrem á evasão fiscal ou à instalação das suas holdings no estrangeiro. Em Portugal a competitividade morreu há muito, foi assassinada pelo oportunismo colectivo de uma elite proxeneta que enriqueceu à custa do empobrecimento de Portugal e dos portugueses.

Não admira que Portugal esteja quase de rastos, como escreveu Camões “um fraco rei faz fraca a forte gente”, foram os fracos “reis” que tivemos que encheram o Estado de incompetentes e corruptos, que transformaram os grandes partidos em organizações duvidosas, que mataram os empresários ambiciosos, que têm delapidado e continuarão a delapidar os escassos recursos de que o país dispõe, que transformaram a nossa justiça na vergonha que é, que montaram um imenso esquema que leva a que quem queira mudar este estado de coisas seja destruído.

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Flor da Quinta das Conchas, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Aldeia de Monsanto [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Durão Barroso

Os governantes da Comissão Europeia ganham mais do que qualquer governante europeu, não estão sujeitos a grandes escrutínios públicos, andam em hotéis de luxo, ganham reformas muito cedo, os seus funcionários gozam de mais férias do que a generalidade dos europeus, ganham mais e reformam-se mais cedo. Enquanto os países adoptam pacotes de austeridade parece que a Comissão Europeia é um poço sem fundo. É tempo de impor à Comissão princípios de austeridade que a obrigue a ser solidárias com os povos da Europa e a acompanhar a realidade da União.
 
Criar mais esquemas para aumentar a receita doa União Europeia? Não, a Comissão que aperte o cinto como apertam todos os trabalhadores europeus e que adopte princípios de austeridade dando o exemplo à Europa.
 
«O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, lança hoje em Bruxelas a sua proposta de orçamento plurianual 2014-2020 da União Europeia. É o início de uma guerra política que será travada entre os Estados-Membros nos próximos dois anos e meio. A Comissão pretende diversificar as suas "fontes de financiamento próprias" e avança com propostas fracturantes, como a criação de "impostos genuinamente europeus".
 
Em cima da mesa estão seis opções. Uma delas é a introdução do "IVA europeu (1%) que renderia 41 mil milhões de euros por ano". A medida iria substituir "a percentagem aplicável às receitas do IVA harmonizado de cada Estado-Membro" que segue para Bruxelas e rende 14 mil milhões de euros anuais. Outra opção é lançar um imposto europeu sobre actividades e transacções financeiras (entre 0,001 e 0,005%), uma espécie de taxa Tobin. A UE pode também arrecadar receitas nos leilões de licenças de emissão de CO2, ou lançar taxas sobre o transporte aéreo ou a energia. Criar um imposto europeu sobre as sociedades é outra das hipóteses. O financiamento alternativo, "ou recursos próprios", permitiria diminuir as contribuições nacionais para o orçamento comunitário - que deverá manter-se nos 1000 biliões de euros a sete anos apesar de o Parlamento Europeu pretender um aumento de 5%.» [i]
  
 

 Por favor, Marcelo, não fale de mim

«Na semana passada, o Jornal de Negócios considerou Marcelo Rebelo de Sousa o 43.º homem mais poderoso da economia portuguesa. Para quem não tem bancos nem empresas pode parecer exagerado. Mas o retrato que o jornal faz a seguir - "(...) as suas palavras aquecem a vida política nacional. Cria cenários e desfaz certezas. Tem amigos em todas as áreas..." - justifica a cotação alta. E não é Bernardo Bairrão que vai desmentir o Jornal de Negócios. As "palavras" de Marcelo, no domingo, "criando o cenário" de que Bairrão seria o próximo secretário de Estado da Administração Interna, "aqueceram a vida política nacional", na segunda-feira, e "desfizeram uma certeza": quem é convidado não tem o lugar seguro. Quase bingo, para o Jornal de Negócios! Quase, porque quer-me parecer que na área de ex-administradores da TVI, talvez Marcelo não tenha só amigos. Mas, quer-me parecer também, esse é o lado para que ele dorme melhor. Alguém já definiu Marcelo como o escorpião que no meio do rio pica o sapo que o transporta às costas, com risco de também ele morrer afogado, mas incapaz de fugir à sua natureza de escorpião. O exemplo de Bernardo Bairrão, afogado no meio do rio entre a TVI, de onde se despediu, e o Governo, para onde não entrou, deve dar ideias a Marcelo: está ali um emocionante nicho de mercado. E, aos domingos, a prédica vai ser ouvida ainda por mais pessoas. Não desejosas que o poderoso Marcelo as nomeie. Mas em pânico. » [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

PS. Concordo com Ferreira Fernandes, ouvir o Marcelo falar de nós dá azar e o melhor é colocar em cima da televisão lá de casa uma ferradura, um corno, uma espiga e todos os amuletos que conseguirmos recolher não vá o bruxo de Alfragide lembrar-se de nós. Mas será que o Marcelo tem responsabilidades no saneamento Simplex de Bairrão? Não aprece, o director do Expresso insinua grandes movimentações e o próprio Bairrão aceitou fazer o papel triste de informar que foi iniciativa sua.
 
Se a divulgação do nome por Marcelo resultou no saneamento de Bairrão porque razão a divulgação do nome de Marco António por Marques Mendes não teve a mesma consequência?
 
Poder-se-ia dizer que a divulgação do nome permitiu a reacção dos inimigos de Bairrão, só assim faz sentido culpar Marcelo. Mas talvez se saiba toda a verdade sobre o caso Bairrão.
        

 Presidente alemão não partilha do 'respeitinho' pelos mercados como Cavaco

«"Há demasiados a aproveitar-se da situação, sem contribuir para nada", disse o chefe de Estado alemão, criticando "os oportunistas do mundo financeiro que continuam a ganhar muito bem com as dívidas soberanas, esperando que seja a política a suportá-las".

Wulff exigiu ainda "um programa convincente e sustentável, em que todos sejam chamados a assumir responsabilidades" para resolver a actual crise europeia, avisando que se isso não for feito "as dúvidas das pessoas em relação à Europa aumentarão por toda a parte".» [CM]

Parecer:

Haja alguém que chame os bois pelos nomes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Cavaco.»
  
 A ministra italiana do Turismo é dada à bicharada


«O tigre pode, no entanto, ter de competir pela atenção da ministra, já que partilha casa com 15 cães, 30 gatos, 4 cavalos, 2 macacos, 7 cabras e 200 pombos.» [DN]
    
 Privatizar o 'Jornal da Madeira'? Nem pensem!

«Alberto João Jardim vai reduzir o peso do sector público na Madeira mas recusa determinantemente privatizar os sectores das águas, electricidade, sáude e acabar com o Jornal da Madeira, disse esta manhã aos jornalistas que tentaram obter uma reacção do líder madeirense ao programa apresentado ontem pelo governo de Pedro Passos Coelho.

"O que é competência da Região Autónoma será da Região Autónoma. Haverá aqui (Madeira) menos sector público. Há coisas que tenho de privatizar. Mas, insisto: águas, electricidade, saúde continuará no sector público. Quanto ao Jornal da Madeira, se é isso o objectivo, não fecha!", reiterou.» [DN]

Parecer:

Alberto João Jardim e o PSD no seu melhor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Vem aí mais um PEC

«"O primeiro-ministro terá a preocupação de garantir que os objectivos do programa de ajustamento e em particular do défice serão cumpridos. Isso implica a antecipação de algumas medidas previstas no memorando de entendimento e eventualmente a adopção de medidas com carácter extraordinário", disse fonte do gabinete do primeiro-ministro ao Económico, remetendo mais esclarecimentos para o discurso de amanhã de Pedro Passos Coelho.

"O primeiro-ministro na semana passada em Bruxelas já tinha referido que iria durante esta semana apresentar mais medidas e antecipar medidas que estavam previstas. Será preciso, neste contexto, aguardar pelo discurso do chefe de Governo amanhã no Parlamento", declarou a mesma fonte, referindo-se ao debate parlamentar sobre o programa de Governo que arranca amanhã.» [DE]

Parecer:

Nada mau para quem se opôs ao PEC IV por o considerar austeridade a mais.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 Espanha pede explicações sobre suspensão do TGV

«O ministro do Fomento espanhol quer reunir-se com o homólogo português para analisar a decisão de suspender o TGV.

"Há que saber se Portugal tomou uma decisão de renunciar definitivamente à construção da alta velocidade ou se adia a decisão de construir a alta velocidade", afirmou José Blanco, em declarações à Rádio Nacional Espanhola (RNE).

"Assim que se constitua o novo Governo português, manterei uma reunião com o meu homólogo para clarificar uma série de projectos que temos entre os dois países e saber se esta é uma decisão definitiva ou, pelo contrário, se adia. Isto, claramente, condicionaria o que faremos em Espanha", afirmou.» [DE]

Parecer:

Era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se o governo Espanhol que a direita portuguesa defendia quase meia dúzia de linhas de TGV mas agora discorda e argumenta que não há pilim.»
  
 Paes do Amaral e Pinto Balsemão criticam a privatização da RTP

«Miguel Paes do Amaral, presidente não executivo da Media Capital, que detém a TVI, afirmou hoje que a privatização de um dos canais da RTP, medida prevista no programa do novo Governo, "vai dividir ainda mais o investimento publicitário nesta área e limitar os orçamentos das televisões, fazendo baixar a qualidade dos conteúdos, tornando as coisas mais complicadas para o sector".

Paes do Amaral, que falava a margem de uma conferência sobre media da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, fez questão de referir que esta sua análise é feito como observador. Paes do Amaral junta-se assim a Balsemão, que já criticou a privatização da RTP por considerar não haver espaço em termos de bolo publicitário para mais um operador privado. » [i]

Parecer:

Parece que só a Cofina e a Ongoing estão interessadas no negócio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 Desta vez há stress

«Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português, Banco BPI e Espírito Santo Financial Group (holding a que pertence o BES) são os quatro grupos financeiros nacionais que integram a lista de 91 instituições europeias submetidas aos testes de stresse. Contrariamente à nota positiva obtida em 2010, este ano poderão existir portugueses entre os 10 a 15 chumbos europeus, noticiava ontem a Reuters, o que, a confirmar- -se, obrigaria as instituições a reforçarem o capital. Fonte oficial do Banco de Portugal afirmou, em comunicado, que a notícia "é pura especulação", recordando que "o processo não está ainda concluído, não havendo, por isso, qualquer informação sobre os resultados".» [i]

Parecer:

Era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelos resultados.»
  

   




quarta-feira, junho 29, 2011

E agora?

A esquerda conservadora, os professores, os polícias, os magistrados, o Mário Nogueira, o Santana Castilho, o Manuel maria Carrilho, o pessoal da TAP, os trabalhadores da CP, a Ana Benavente e muitos outros ou queriam um governo de direita ou dizendo que não o queriam tudo fizeram para o ter. Pois os eleitores fizeram-lhes a vontade, agora têm um Presidente da República, um primeiro-ministro, um autarca em muitas das grandes cidades, uma presidente do parlamento, um presidente de um governo regional, todos de direita.

Imagino que o pessoal das escolas esteja contente com a revisão da avaliação e o exame de acesso à profissão, que o sindicato dos quadros técnicos do Estado esteja feliz com as rescisões amigáveis, que o pessoal da TAP já esteja a esfregar as mãos de contentes porque em vez dos recursos ilimitados dos contribuintes vão ter de prestar contas a um patrão, que o pessoal da CP se sinta feliz com a privatização.

E não vale a pena dizerem ao Sócrates para voltar porque está perdoado, nem ele volta nem os eleitores estão dispostos a mais brincadeiras. Também não vale a pena formarem maiorias absolutas na Avenida da Liberdade, o exemplo grego é deprimente e já não contam com o apoio dos autocarros das autarquias do PSD, não vale a pena protestar contra as portagens porque o PSD já deve ter desmobilizado as comissões de utentes, o encerramento dos serviços de saúde para passarem receitas contra a tensão vão mesmo fechar sem a oposição das manifestações espontâneas e aposto que se algum autarca se armar em parvo além do centro de saúde encerra também o município.

Acabaram-se as manifestações espontâneas mobilizadas por SMS para junto das sedes partidárias, acabaram as recepções a delegações dos sindicatos em luta pela direcção do PSD, desapareceram as esperas sistemáticas do Mário Nogueira ao primeiro-ministro em todas as suas deslocações. Como diria Chico Buarque acabou-se a festa pá.

O governo foi eleito, é um governo legítimo, está constituído e já apresentou o programa que será aprovado pela nova maioria. É um bom programa? Não é bom nem é mau, é o programa possível e marcado pelas opções liberais de Passos Coelho atenuadas pela estratégia partidária de Portas. É o programa que todos sabiam que viria a ser o programa de um governo de direita que saísse de eleições, é o programa desejado pelos que queriam derrubar o governo e mudá-lo por um governo de direita liderado por Passos Coelho, está lá quase tudo o que o líder do PSD defendia ainda antes de o BE ter apresentado a moção de censura votada favoravelmente pelo PCP, portanto, a esquerda conservadora tem o que sempre desejou.

Agora é tempo de esperar que a proposta liberal resulte legitimada pelo voto dos portugueses resulte, uma parte das medidas não difere do que já era o programa do PS, de algumas dizem ser melhorias, outras são mais radicais do que as defendidas pelo governo anterior, algumas são bem mais radicais. Resta-nos esperar para rirmos da esquerda conservadora, vê-la organizar manifestações contra as novas políticas em defesa do que está, isto é, daquilo contra o que organizaram manifestações no passado recente.

Como se dizia nos tempos da escola primária “E agora? Agora mija na mão e deita fora!”.

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Flor do Parque Florestal de Monsanto, Lisboa
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Castelo do Sabugal [A. Cabral]
Jumento do dia


Miguel Macedo, ministro da Administração Interna

Marcelo anunciou que Bernardo Bairrão ioa ser secretário de Estado, o próprio confirmou, a Media Capital comunicou ao mercado a renúncia de Bairrão e quando a lista oficial dos novos secretários de Estado foi divulgada o nome de Bairrão não constava nela. Dizem que foi zanga RTP, que o nome foi vetado pelo primeiro-ministro.

Agora vem Miguel Macedo dizer que foi Bairrão que não tomou posse por sua iniciativa devido a razõs pessoais, melhor do que isto só tinhamos visto nos julgamentos de Estaline quando as vítimas iam a julgamento reconhecer as suas culpas para logo de seguida serem executados. Lixa-se o Bairrão e protege-se Passos Coelho e faz-se o elogio 'fúnebre' da vítima.

«Miguel Macedo lamenta a decisão de Bernardo Bairrão "porque era um contributo importante para o trabalho que temos de fazer".

O ministro da Administração Interna confirmou hoje que Bernardo Bairrão foi convidado para fazer parte do Executivo, mas "razões pessoais e políticas" levaram a que este não assumisse funções.

"Confirmo que foi feito o convite mas por razões dadas ontem [segunda-feira] por Bernardo Bairrão, entendemos que não devia assumir funções", disse Miguel Macedo, em declarações aos jornalistas no final da tomada de posse dos secretários de Estado, que decorreu hoje no Palácio de Belém.

De acordo com o actual ministro da Administração Interna, na base desta decisão terão estado "razões políticas e pessoais", apesar do governante não ter especificado os argumentos de Bernardo Bairrão.» [DE]

 O Mentirómetro de Passos Coelho: mentira n.º 2
 
 
A redução dos ministérios foi a proposta mais emblemática de Pedro Passos Coelho, começou por prometer dez, com um cenário de coligação aumentou para doze, depois acabou por ficar com onze disfarçando dois ministros de secretários de Estado. Poupou cinco ministros criando mega pastas como a da Agricultura e a da Economia, mas acabou por nomear 35 secretários de Estado e não os 25 prometidos.

Temos portanto que acrescentar uma unidade ao contador de mentiras de Pedro Passos Coelho.
  
 O Mentirómetro de Passos Coelho: mentira n.º 3


Umas das últimas decisões do parlamento foi a suspensão da avaliação dos professores com o voto do PSD, o mesmo PSD que tinha prometido suspender a avaliação já nas eleições legislativas quando era liderado pelo PSD. Que outra coisa esperavam os professores do PSD senão ser coerente e suspender a avaliação quando chegasse ao poder? Era uma decisão mais do que evidente.

Mas os professores enganaram-se, o governo vai manter a avaliação e não se sabe muito bem o que fará a seguir:

«Só depois de Setembro é que o executivo pretende “reformar” o modelo actual. Reformar é um conceito abrangente, mas que deixará os sindicatos e docentes muito pouco satisfeitos, uma vez que exigiam a suspensão ou revogação do actual modelo. O governo contudo promete tornar o sistema avaliativo dos professores menos burocrático e inspirado no sistema utilizado no ensino particular.» [i]

 O estranho caso Bairrão
 
O mais preocupante no saneamento de em Eduardo Bairrão ainda antes da tomada de posse não foi a decisão em si, Passos Coelho tem o direito de escolher pessoas em quem confia a apenas Miguel Macedo poderá ser criticado por não ter sido criterioso na escolha. O que mais nos deveria preocupar é depois de toda a gente ter percebido o que se passou ser o próprio Bairrão a vir a público dizer ou a dar a entender que foi sua opção não ter integrado o governo, isto depois de se ter demitido da Media Capital.
 
Se há umas semanas havia quem receasse uma derrota eleitoral com o argumento de que o Estado "emprega" muita gente, é legítimo questionar se esta manobra de branqueamento de Passos Coelho com o próprio Bairrão a fazer o frete não resulta do receio do poder por parte do saneado. Desta forma Bairrão pode contar que não é perseguido ou tem a esperança de vir a ser ressarcido dos prejuízos que sofreu.
 
Veremos qual vai ser percurso profissional de Eduardo Bairrão.

 O que há de comum entre as crises grega, irlandesa e portuguesa?

A incompetência e falta de dimensão de Durão Barroso no exercício do cargo de presidente da Comissão.
    
 

 Seis notícias a indicar que o governo vai falhar

«Nesta última semana houve meia dúzia de notícias que me preocuparam muito mais do que as nomeações de ministros e secretários de Estado. Passo a enumerar.

Notícia número 1: Uma auditoria da Inspecção-Geral das Finanças às despesas da Justiça detectou 165 mil euros de pagamentos em excesso de subsídio de compensação a magistrados jubilados já falecidos. Faltou a comunicação do óbito pelo Instituto de Registo e Notariado.

Notícia número 2: O presidente da Câmara Municipal de Grândola, Carlos Beato, do PS, nomeou o seu filho para o cargo de adjunto do seu gabinete de apoio pessoal, decisão que qualifica como "consciente e responsável".

Notícia número 3: Hospitais e centros de saúde da região de Lisboa enviam sistematicamente doentes para o Hospital da Cruz Vermelha antes de verificarem se outras unidades do sector público são capazes de dar as consultas e cirurgias em causa. O Tribunal de Contas acusa o Ministério da Saúde, que deu ordens para que assim se fizesse, de favorecer os privados e de prejudicar o Estado, que deixa de cobrar taxas moderadoras.

Notícia número 4: O Ministério Público prepara uma acusação por suspeita de crimes e burlas fiscais na sequência da fusão da Compal com a Sumolis. Em causa está um imposto de 1,5 milhões de euros e uma dívida atribuída à Compal de 250 milhões, resultante do empréstimo que serviu para a compra desta pela Sumolis. Ao meter essa dívida nas contas da Compal, a empresa passou de lucros a prejuízos e deixou de pagar IRC. São arguidos administradores da empresa e da Caixa Geral de Depósitos.

Notícia número 5: A Inspecção--Geral de Finanças (IGF) acusa o Exército de reposicionamento ilegal de militares e de ter assim aumentado em 8,4 milhões de euros a sua despesa pública anual. No entretanto, os salários dos militares custam, ao contribuinte, mais 2,6 milhões de euros por mês.

Notícia número 6: A Polícia Judiciária está a investigar uma burla com receitas falsas de medicamentos prescritos por médicos e dentistas, que utilizaram as cédulas de colegas falecidos para pedirem vinhetas e passarem receitas. Foram detectados casos em que o doente, a quem foi prescrita a receita, também já tinha falecido.

Este seria algum do melhor material humano do País: magistrados, autarcas, gestores de saúde, banqueiros, grandes empresários, militares, médicos. Todos, mas mesmo todos, espoliam, enganam ou roubam descaradamente o Estado. Como podem Passos Coelho, este Governo, qualquer Governo, qualquer ministro ou secretário de Estado, sair-se bem?» [DN]

Autor:

Pedro Tadeu.
  
 Não é censura, é outra coisa

«Tudo em seis meses: novo presidente, novo governo, nova maioria e ("zoom" para, sucessivamente, grande plano, plano aproximado e "close up") novo director do "Expresso" e novo Estatuto Editorial cujo ponto 7 reza: "O 'Expresso' sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por autocensura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se (...) o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério."

Chegou, pois, a altura de um jornal declarar, sem rebuço, que não publicará notícias "que mereciam ser publicadas em lugar de destaque" se entender que a sua divulgação pode "eventualmente" ser "nociva ao interesse nacional". O jornal ponderará, caso a caso, o "interesse nacional" das notícias, mas algo fica, desde já, claro: para esse jornal, a verdade factual deixou de ter por si só, mesmo dentro da lei, "interesse nacional"; e mais: o jornal passará a substituir-se ao poder político e a definir o que é, ou não, de "interesse nacional", podendo decidir não dar a conhecer verdades se as achar inconvenientes ou inoportunas. A bem da Nação.

Se ainda havia algum pudor, deixou de haver: um jornal assume às claras que se rege por critérios de oportunidade (políticos por excelência) e não exclusivamente por critérios jornalísticos.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 O estranho caso do Bairrão

«Bernardo Bairrão foi convidado por Miguel Macedo para ser seu secretário de Estado da Administração Interna e desconvidado depois do primeiro-ministro ter vetado o seu nome. Tudo aconteceu em pouco mais de 48 horas.

O até agora administrador delegado da TVI renunciou ontem de manhã oficialmente ao cargo através de um comunicado enviado pela Media Capital à CMVM, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter dado como certa, no domingo à noite na TVI, a sua integração no Governo. Em vão. Pedro Passos Coelho só mais tarde terá tido conhecimento das duras críticas que Bairrão fez no fim-de-semana à privatização da RTP por ser "absolutamente contra a privatização de um canal de televisão neste momento"- uma das primeiras medidas que o primeiro-ministro anunciou, numa entrevista ao Financial Times.» [DE]

Parecer:

O homem foi sanado ainda antes de tomar posse.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se o estranho caso do dr. Bairrão.»
  
 Cristas preocupada com multas

«A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, definiu hoje como prioridade a reestruturação dos serviços que tutela de forma a minimizar as devoluções a Bruxelas, através do pagamento de multas, de dinheiros destinados aos agricultores portugueses.

A nova ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território estreou-se numa reunião dos 27 tendo referido que "neste momento há a indicação de uma multa de 122 milhões de euros [relativos a 2007 e 2008] e é possível que haja mais multas relativas a 2009". A nossa preocupação é que consigamos começar a fazer controlos efectivamente para que isso não volte a acontecer e, ao máximo, minimizar as multas", disse Assunção Cristas à chegada à reunião dos ministros da Agricultura e Pescas da UE.» [DN]

Parecer:

A preocupação da nova ministra com as multas revela inexperiência, ingenuidade e alguma ignorância. As correcções financeiras é o pão nosso de cada dia nas relações com Bruxelas, tornar estas correcções na prioridade do ministério e falar em reestruturar um ministério cansado de ser reestruturado mostra que a ministra está mais preocupada com saneamentos do que com a produção agrícola.
 
Não deixa de ser curioso que o mesmo CDS que agora se preocupa com as correcções financeiras se tenha batido ao lado dos agricultores contra Jaime Silva, o então ministro de José Sócrates ganhou muitos inimigos precisamente porque suspende o pagamento de muitas ajudas porque os seus beneficiários não tinham cumprido com as suas obrigações decorrentes da candidatura às ajudas ambientais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 Aí vem o aumento do IVA e a redução da TSU

«A chamada Política de "desvalorização fiscal" visará criar emprego e promover o crescimento económico. Através desta medida - redução da TSU - pretende-se contribuir para uma redução substancial dos custos de produção das empresas, pensando sobretudo no efeito que pode exercer sobre as que produzem bens e serviços transaccionáveis, e ajudar a restaurar a competitividade da economia portuguesa. A medida será compensada de forma a garantir a neutralidade do ponto de vista do défice orçamental através, designadamente, de cortes adicionais de despesa pública e medidas na área dos impostos indirectos, como o IVA.» [DN]

Parecer:

Esperemos por propostas concretas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelo projecto.»
  
 Facebook contratou "hacher" que pirateou PlayStation 3

«A rede social Facebook contratou um "hacker", conhecido por ter pirateado a consola PlayStation 3(PS3) e o iPhone da Apple, para desempenhar a função de engenheiro informático.

Segundo a edição de segunda-feira do jornal The New York Times, citado pela agência Efe, o "hacker" George Hotz, conhecido no mundo da Internet como "GeoHot", trabalha para a empresa de Mark Zuckerberg desde o dia 09 de maio.» [i]
    
 Governo conta com maioria de 80% dos deputados?

«Numa altura em que todo o Governo já tomou posse e que as principais linhas programáticas de governação foram conhecidas, o Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou hoje que este Executivo liderado por Passos Coelho tem "uma oportunidade única para combater a crise que afecta o país". Cavaco destacou a importância de ser "fundamental haver 80% dos deputados na Assembleia da República a pertencer aos partidos que assinaram o acordo com a troika" (PS/PSD e CDS).

Claro que, acrescentou Cavaco, "é preciso muito trabalho para o conseguir, mas tem de haver uma luz ao fundo do túnel que dê esperança aos portugueses" quanto ao seu futuro. O presidente destaca ainda "a importância de reconquistar a confiança no estrangeiro para que Portugal possa continuar a financiar-se lá fora". » [i]

Parecer:

Curiosamente o programa do governo usa o mesmo truque.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Recorde-se Cavaco Silva que os deputados do PS apenas estão comprometidos com o que foi acordado com a troika e não com todas as decisões do governo que invoquem o combate à crise.»
  
 Governo não suspende a avaliação dos professores

«Reforçar as competências dos directores ou simplificar o estatuto da carreira dos professores são algumas das novas linhas para a educação no ensino básico e secundário traçado no programa do governo. A primeira desilusão para a classe docente será a não suspensão do modelo de avaliação antes de terminar este ciclo avaliativo.

Só depois de Setembro é que o executivo pretende “reformar” o modelo actual. Reformar é um conceito abrangente, mas que deixará os sindicatos e docentes muito pouco satisfeitos, uma vez que exigiam a suspensão ou revogação do actual modelo. O governo contudo promete tornar o sistema avaliativo dos professores menos burocrático e inspirado no sistema utilizado no ensino particular.» [i]

Parecer:

O quê? Volta Sócrates, estás perdoado!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos Coelho porque razão não faz enquanto governo o que fez aprovar no parlamento enquanto oposição.»
  
 Marcelo diz que não tem culpa

«Marcelo Rebelo de Sousa recusa qualquer responsabilidade no afastamento de Bernardo Bairrão na lista de secretários de Estado do Governo. O professor disse ainda que o facto de ter revelado o nome do então administrador da Media Capital, no seu comentário de domingo na TVI, não terá sido a razão para a exclusão de Bairrão da lista. » [i]

Parecer:

Não tem culpa mas dá jeito.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Já?

«O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, admitiu a apresentação de uma moção de rejeição ao programa do Governo, garantindo que, independentemente dessa eventual moção, os comunistas travarão «um combate firme» a todas as medidas, noticia a Lusa.

«É uma matéria que oportunamente vamos ponderar. O problema não se pode cingir ao debate da próxima quinta e sexta-feira», respondeu Bernardino Soares aos jornalistas, no Parlamento, quando questionado sobre a apresentação de uma moção de rejeição. » [Portugal Diário]

Parecer:

Este PCP começa a ser ridículo, primeiro ajuda a derrubar o governo do PS e mal o governo do PSD toma posse já fala em moção de censura.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo triste que a esquerda conservadora está a dar.»
  
 Não veio um chinês, veio um americano

«Oguchialu Chilioke Goma Lambu Onyewu. É este o nome completo do novo reforço do Sporting. O central norte-americano foi apresentado nesta terça-feira em Alvalade.» [Público]

Parecer:

Agora é só esperar pelos charters cheios de gringos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Regionalizar o quê?

«António José Seguro afirmou, esta terça-feira, que a regionalização «é um dos compromissos» assumidos na moção de candidatura a secretário-geral do PS, mas que «não é já para amanhã» embora «seja prioritária».

Em declarações à Lusa, à margem da visita ao concelho da Trofa, António José seguro esclareceu que «a regionalização é um dos compromissos» que assume e «que está expresso de forma clara na moção de estratégia» com a qual se candidata à liderança do PS. » [Portugal Diário]

Parecer:

Uma dia destes ainda vamos ter o governo da Região Autónoma das Berlengas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Digam ao Seguro que tenha juízo e se deixe de cedências ao aparelho.»
  

 People of clouds [Boston.com]

«In the Mixteca, one of the most impoverished regions in Mexico, migration to the United States has arrived like a storm. In a place so insular that pre-columbian languages like Mixteco, Trique, and Asmuzgos are still spoken more widely than Spanish, and where cars, electricity and indoor plumbing are recent introductions, if they exist at all, northern migration has emptied communities and transformed the lives of those left behind. Some villages have lost as much as 80% of their population to the north and have become little more than ghost towns, home to just a handful of old men, women and the left-behind children of migrants.


In San Miguel Cuevas -- or Nuyuco, Face of the Mountain, in Mixteco -- just 500 people out of 3000 remain. Its streets are largely empty, its fields stand deserted, its century-old way of life lies in shambles as families dissolve to the north, rending the social fabric of this traditional agrarian society. Old women raise grandchildren left behind by their mothers, teenage girls do the work of absent fathers, and old men sit alone, abandoned by their children. "I only think about dying," one 70 year old said, "my only worry is how my funeral will be."

Photographer Matt Black first photographed the mixteca in 2000. He has since made 12 trips to the region, and plans more. To contribute to the project, visit his Kickstarter project site. -- Lane Turner (32 photos total)»