domingo, janeiro 31, 2010

Semanada

O país sofreu um terramoto com o epicentro no Terreiro do Paço, mais precisamente no gabinete do ministro das Finanças, tremeu com a pancada orçamental que levou com o défice de 2009 a chegar quase aos 10%. Até aqui o país tinha um ministro das Finanças que tinha uma leve ideia do défice, agora ficámos a saber que Teixeira dos Santos, afinal, não tinha ideia nenhuma de como andavam as contas públicas. Das duas uma, ou a direcção-geral do Orçamento fechou para obras e deixou de controlar a despesa ou os computadores da DGCI sofreram uma travadinha.

Já no final do Verão Teixeira dos Santos teve um sobressalto e o défice pulou dois pontos, agora pulou mais dois. A desculpa da receita não pega pois a DGCI controla online cada tostão que entra, o ministro até recorreu ao argumento inédito da tolerância de ponto para aldrabar as contas e transferir para 2009 as cobranças do primeiro dia de 2010! Com este grau de imprevisibilidade os défice orçamental deixou de ser um indicador económico para passar a ser tratado como uma catástrofe natural, resta agora esperar que o ministro e o governador do Banco de Portugal se deixe de dar palpites e designe o Instituto Nacional de Meteorologia como a entidade competente em matéria de défice orçamental. Já estou a ver as “boas abertas” da SIC informarem que a temperatura vai subir, as ondas na costa orçamental serão de dois metros e quanto ao défice orçamental está a subir com a aproximação do fim do ano.

Quem também anda um pouco imprevisível é o candidato que ainda não é candidato mas que o mais certo é vir a ser o candidato que já era desde à quatro anos, Manuel Alegre calou-se, agora que era de esperar que falasse, que fosse de esquerda, que fosse solidário, calou-se. O governo reúne com a direita e deixa de fora a esquerda moderna do seu camarada Louçã e Alegre calou-se. Os feirantes fecharam o trânsito em Lisboa e Alegre Calou-se. Os enfermeiros fizeram greve e manifestaram-se em Lisboa, mas Alegre ficou calado. Enfim, há sempre uma voz que se cala, até as daqueles que falam demais.

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Câmara Municipal de Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Andres Stapff-Reuters]

«A Murga musical theater group parades during a carnival in Montevideo, Uruguay.» [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Manuel Morujão, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa

A Igreja Católica ainda não percebeu que em Portugal existe uma democracia parlamentar e não uma democracia referendária, o recurso ao referendo é uma decisão parlamentar e não só não foi aceite no caso do casamento gay como já foi aprovado um diploma sobre esta matéria. A manifestação promovida pela igreja e apoiada publicamente por Manuel Marujão só pode ser entendida como uma fatwa contra o regime parlamentar.

E AGORA MANUEL?

«Então, os funcionários públicos, castigados e sem aumentos, não hesitarão em sair à rua juntando-se aos enfermeiros e aos professores, aos polícias e aos militares, aos juízes e aos magistrados. Todos, enfim, vítimas da "obsessão" com o défice público.

Ao seu lado estarão os partidos de esquerda, designadamente o Bloco, com a autoridade de quem votará contra o Orçamento. O mesmo Bloco, aliás, até agora, único partido a apoiar a pré-candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República.

E nessa altura, ao lado de quem estará Manuel Alegre? Na rua, ao lado da esquerda com quem flirtou nos últimos quatro anos, por exemplo nas poltronas do Teatro da Trindade ou da Aula Magna em Lisboa? Ou algures numa aldeia esconsa a jantar com um punhado dos seus apoiantes e poupando o PS, correndo o risco de alienar boa parte do seu capital político?» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Nuno Saraiva.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

BELMIRO É UMA RAPOSA

«Esta semana, Belmiro Azevedo deu uma entrevista à Visão. Deixem-me, porém, recuar umas décadas. Duarte Pacheco, ministro de Salazar, pediu às indústrias vidreiras para lhe mandarem amostras, a pretexto de um concurso para construir o Instituto Superior Técnico. Teve muitos vidros - quem recusava, então, um pedido ministerial? Quanto ao concurso, népias, as amostras serviram foi para forrar, de graça, os edifícios... Fim de preâmbulo, regresso à entrevista de Belmiro. Citaram-se muito as suas invectivas políticas ("Cavaco é um ditador...", "Sócrates telefona muito..."). Ora, da sua especialidade, negócios, Belmiro disse coisa mais interessante. Isto: que andou "os últimos dois anos a escolher e a experimentar os carros que aqui me punham aos fins-de-semana". Sabendo-se que ele ia comprar carro novo, as empresas serviram amostras durante 104 fins-de-semana, na mira de um concurso tão falso (dois anos a escolher carro?!) como o de Duarte Pacheco. Claro que Belmiro acabou por comprar um, mas suspeito que as empresas forneceram à borla mais fins-de-semana do que tencionavam. Do capitalismo centralista de Estado, à Pacheco, ao liberalismo extremo da raposa livre no galinheiro livre, à Belmiro, assim se explica este Portugal pouco competitivo.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A CENSURA JÁ NÃO É O QUE ERA

«"A verdade é que as lojas maçónicas, incluindo o Supremo Tribunal Administrativo e a Relação de Lisboa, deixaram-se infiltrar pelo jesuitismo e profanos de avental, que constituíram uma máfia que opera nos tribunais portugueses - um grupo de indivíduos incluindo juízes, magistrados do Ministério Público, ministros (da Justiça e de outras pastas), advogados, banqueiros, empresários, embaixadores, autarcas, homens do teatro, do cinema e da televisão - que distribuem sentenças entre si em benefício dos seus irmãos."

Estas insólitas afirmações constam das alegações de um recurso apresentado no Supremo Tribunal Administrativo (STA) em que o recorrente pretendia ver declarada a nulidade da decisão que lhe aplicara a pena de aposentação compulsiva por entender que os juízes autores dessa decisão "são membros da Máfia dos Tribunais Portugueses", pelo que "não constituem um verdadeiro tribunal".

O STA negou provimento ao recurso tendo em conta que "os Juízes que intervieram na decisão em causa foram nomeados pela entidade competente e de acordo com o quadro legal aplicável". E o acórdão do STA foi publicado na base de dados www.dgsi.pt disponibilizada pelo Instituto de Tecnologias de Informação na Justiça (ITIJ), onde ficou ao dispor de todos os juristas e interessados.

Até aqui, para além do insólito e violento conteúdo das alegações, nada de especial haveria a referir. O que é grave vem a seguir e levanta uma questão que já há muito é colocada pelos juristas e deve ser colocada por todos os cidadãos.

Sucede que dias depois de ter sido disponibilizado na referida base de dados, o acórdão desapareceu da mesma, deixando de estar acessível aos portugueses, reservado a não se sabe bem a quem, porque quem tentava lá chegar nada mais via do que uma página em branco e era-lhe pedida uma password! Fantástico, não é ?

Mas, graças a Deus, muitas vezes a Internet está um passo à frente dos detentores do poder, sejam eles chineses ou portugueses. O Google faz "fotografias" de todas as páginas que vão surgindo e guarda-as em "cache" e, assim, o acórdão continuou a poder ser consultado embora fora da página da base de dados oficial.

Entretanto, segundo apurei, já um anterior acórdão do STA sobre o mesmo assunto havia estado disponível na base de dados do Ministério da Justiça e tinha, posteriormente, sido retirado. A gravidade da questão é por de mais evidente e já foi abordada, por outro prisma, num artigo de José Manuel Meirim publicado neste jornal em 28 de Março do ano passado, de que transcrevemos um excerto: "Com o surgir das bases de dados públicas e de acesso gratuito e universal via Internet - não curamos agora das suas deficiências -, o endereço electrónico www.dgsi.pt passou a constar necessariamente do léxico do jurista. Sucede, no entanto, que no âmbito das decisões de ordem judicial (Supremo Tribunal de Justiça e Tribunais da Relação), o número de acórdãos disponibilizados se fica por cerca de um quarto da totalidade dos que são efectivamente proferidos. Tal pressupõe uma selecção cujos critérios não se nos apresentam seguros, sem contar com a natural subjectividade de quem leva a efeito essa tarefa."

Na verdade, a selecção dos acórdãos que passam a estar disponíveis não obedece a critérios publicitados e escrutináveis e parece ocioso lembrar que, nas nossas sociedades, o saber é poder...

Um juiz desembargador relatou-me, há dias, uma situação que ilustra bem um dos problemas causados por esta situação: num determinado processo, tinha proferido uma decisão em 1.ª instância que o Tribunal da Relação, em recurso, decidira em sentido contrário, tendo esta decisão sido publicitada. Contudo, o processo chegou ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que revogou a decisão do Tribunal da Relação, confirmando a decisão da 1.ª instância, mas este acórdão do STJ não foi publicitado, pelo que quem estudasse o assunto, provavelmente, conformar-se-ia com o entendimento do Tribunal da Relação. Mas para além desta situação, muitas outras se podem configurar, como, por exemplo, a da não divulgação de acórdãos com votos de vencido cerceando o livre debate de teses jurídicas (de momento) não maioritárias.

Segundo me foi referido, a razão para não serem introduzidos na base de dados informática todos ou quase todos os acórdãos será a falta de verbas por parte do Ministério da Justiça para pagar a quem faça tal trabalho. Uma razão que me parece que deve ser rapidamente ultrapassada. Mas convenhamos que tal justificação é um pouco incongruente: se não há dinheiro para pagar a juristas/informáticos para colocar os acórdãos na base de dados, como é que há dinheiro para lhes pagar para retirarem acórdãos da mesma base de dados? Mas, sobretudo, como é possível admitir-se que se censurem decisões de órgãos de soberania e que se possa considerar as mesmas como só acessíveis a alguns portugueses?

Entretanto, ontem e anteontem, diligenciámos junto do Ministério da Justiça para apurar da responsabilidade desta decisão censória. Em boa hora o fizemos: ficámos a saber que a decisão tinha sido do próprio Supremo Tribunal Administrativo e que, oficialmente, destinar-se-ia a verificar se o que estava publicado correspondia ao que estava no processo (!). Certo é que, ontem ao fim da manhã, os acórdãos em causa voltaram a estar disponibilizados na base de dados do ITIJ. A censura já não é o que era...» [Público]

Parecer:

Por Francisco Teixeira da Mota

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

NÃO FICARAM SATISFEITAS E CHAMARAM A POLÍCIA

«Tiveram relações sexuais, de forma consensual, com um homem, mas como não ficaram satisfeitas com o acto decidiram chamar a polícia e dizer que tinham sido violadas.

Aconteceu em Telford, no estado norte-americano da Pensilvânia. Jessica Kathleen Alexander, de 18 anos, e Tammy Nicole Ortego, de 29, contaram às autoridades que tinham sido violadas por dois homens quando saíram de casa.

Porém, mais tarde, ambas confessaram que estavam a mentir. Afinal, o sexo tinha sido consensual, só que não ficaram satisfeitas.» [Correio da Manhã]

LISBOA FOI OCUPADA POR FEIRANTES?

«O terceiro dia de protesto dos empresários de carrosséis, montanhas russas, carrinhos de choque e farturas promete congestionar daqui a algumas horas, o trânsito na Segunda Circular, junto ao Estádio da Luz, antes do jogo Benfica-Guimarães, marcado para as 19h15. A passagem dos cerca de 80 camiões dos manifestantes pelas principais artérias de Lisboa, já provocou alguns problemas no trânsito durante a tarde.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Estes senhores não querem que os seus equipamentos mais velhos sejam inspeccionados e há vários dias que andam entretidos a fazerem a vida dos lisboetas num inferno.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Não se autorizem manifestações de camiões dentro de Lisboa.»

MAIS UMA AJUDINHA?

«O FC Porto conseguiu com inesperadas facilidades uma vitória no terreno do Nacional. Ganhou por 4-0, mas o jogo esteve longe de mostrar se os campeões estão, de facto, em fase sólida de retoma. É que a partida ficou marcada por uma grande penalidade duvidosa a favor do FC Porto que deixou ainda a equipa da casa a jogar apenas com dez.» [Público]

Parecer:

Nos próximos dias Pinto da Costa vai andar calado, o espalhafato que tem feito deu o resultado pretendido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Um campeão deve comportar-se como campeão.»

"THE CONVOY TO NOWHERE [Link]

MONALLI

DIG2GO

sábado, janeiro 30, 2010

Cumprido o frete orçamental

Cumpriu-se mais um ritual orçamental, o orçamento foi aprovado como de costume, Cavaco deu o seu exemplo de paternalismo estratégico, Ferreira Leite deu provas da sua obediência canina ao seu amigo e candidato presidencial, a esquerda conservadora votou contra como sempre fez desde que vota, o debate parlamentar foi mais uma das habituais manifestações de aves-do-paraíso.

O défice ficou-se quase pelos dez por cento, os funcionários públicos vão devolver parte do que receberam em ano eleitoral, os que não pagam impostos continuarão a não pagar, os que pagam continuarão a pagar, os carros vão ficar mais caros, nada de novo a leste do orçamento.

Ler o projecto de leio do orçamento é o frete, são centenas de artigos alterados, milhares de linhas em branco, alterações e pedidos de alterações legislativas, truques disfarçados no meio da linguagem cifrada. Mais défice menos défice o resultado é o do sempre, a não ser que se esteja em ano eleitoral, aumenta a despesa, aumentam os impostos, aumenta a dívida, diminuem os salários e penalizam-se os candidatos a pensionistas.

Agora o ministro das Finanças já pode piscar o olho para as empresas de rating porque, afinal de contas, foi para elas que o orçamento foi feito, os representantes do povo votaram a favor ou abstiveram-se de forma obediente, só faltou terem convidado os obscuros representantes locais das empresas de rating, a versão mais recente do “homem do fraque”, para as galerias do parlamento.

Dantes a austeridade era decidida em nome de acordos com o FMI, agora é feita para agradar às agências de rating, num dia aprova-se o orçamento, no outro vai ler-se o Financial Times ao para ver a que cheiram os arrotos dos senhores do rating. Agora os representantes do povo comportam-se como cniches obedientes a lamber os senhores do rating, os mesmos que ajudaram a virar o mundo de pernas para o ar com a crise financeira. Até o Presidente da República vai reunir o Conselho de Estado só para dar graxa às agências de rating.

Enfim, para o ano há mais do mesmo, austeridade, redução dos salários reais, aumento do imposto automóvel e aumentos encapotados dos restantes impostos, aumento da idade da reforma e, pelo meio de artigos incompreensíveis, algumas benesses orçamentais para os amigos, ou um qualquer truque para os ex-secretários de Estado dos Assuntos Fiscais ganharem algum à custa da bandalhice fiscal.

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Rã no Jardim Gulbenkian

IMAGEM DO DIA

[AP]

«La actriz Anne Hathaway ha recibido el premio Hasting Pudding a la Mujer del Año en la prestigiosa universidad de Harvard. Lejos de la solemnidad de los actos académicos, Hathaway ha paseado en un descapotable rojo con el grupo teatral del centro y después ha pasado varias pruebas que le pusieron los alumnos.» [El Pais]

JUMENTO DO DIA

José Sócrates

O primeiro-ministro fala do aumento dado aos funcionários públicos no ano passado foi um grande favor que lhes foi feito para justificar o congelamento dos vencimentos. É bom que José Sócrates perceba que no ano passado não fez nenhum favor aos funcionários públicos, aliás, ao longo da última legislatura é muito provável que os funcionários públicos tenham perdido em termos reais, ao que importa acrescer muitas outras medidas que resultaram na desvalorização dos estatutos, no adiamento da idade de aposentação e, pior do que isso, na sua desvalorização pessoal.

Os funcionários públicos nada devem a José Sócrates pelo que o primeiro-ministro deve abster-se de usar argumentos que ofendem a sua inteligência. É evidente que a crise aconselha a moderação, deve ser explicada, mas este tipo de argumentação é ofensiva.

WALTER LEMOS

Gostei de ouvir Walter Lemos, o agora secretário de Estado do (Des)Emprego, falar sobre a evolução do desemprego, fazendo comparações internacionais e previsões. Um dia destes ainda vou ouvir este super-homem de Sócrates a dissertar sobre mudanças climáticas ou mesmo sobre cardiologia.

O QUE É FEITO DO SUCESSO DO FISCO?

Durante anos o país foi intoxicado com propaganda do fisco mostrando o seu sucesso no combate à evasão fiscal, primeiro foi o dr. Macedo, depois deste ter sido promovido a administrador da BCP depois da razia dos outros homens da Opus Dei foi o seu sucessor, o próprio governo embalou.

Graças a este sucesso muitos incompetentes foram louvados, reconduzidos ou promovidos, à custa do trabalho de poucos no sector da cobrança de dívidas. Agora que a receita fiscal caiu e odéfice foi a desgraça que todos sabemos ninguém do fisco dá a cara pela desgraça, a culpa foi da crise. Quando a receita aumentou graças ao agravamento das taxas tudo se deveu ao fisco, agora que a receita fiscal desceu em queda livre ninguém fez as contas para apurar as causas..

O GOVERNO E AS EMPRESAS DE RATING

Quem mais tem evidenciado o papel das empresas de rating nos últimos anos é precisamente o mesmo governo que agora as critica. Não se pode invocar as subidas da notação financeira da dívida portuguesa como prova do sucesso do governo e questionar o seu papel quando as mesmas notações são negativas, não se pode invocar o risco de descida nas notações para fazer aprovar medidas de austeridade e depois questionar o papel das empresas de rating no mercado financeiro, não se pode reunir com os jornalistas estrangeiros de manhã para influenciar a opinião daquelas empresas e à tarde desvalorizar o seu papel.

Apetece-me dizer ao ministro "é o mercado estúpido!". Há alguns meses atrás Jaime Silva, então ministro da Agricultura, invocava o mercado sempre que os agricultores se queixavam dos preços ou das dificuldades em sobreviver, na opinião daquele ministro, o mesmo é dizer que na opinião do governo a que pertencia também Teixeira dos Santos, só poderia sobreviver quem percebesse isso. Pois é, no sector financeiro também existe um mercado e aquilo que Jaime Silva dizia aos agricultores agora pode e deve ser dito a Teixeira dos Santos.

E no mercado financeiro Teixeira dos Santos nem sequer pode queixar-se dos intermediários, o peso das suas margens é infinitesimais ao pé do que sucede nos mercados agrícolas. Teixeira dos Santos criou uma imagem de competência mas só agora vai ser posto à prova e numa primeira avaliação está próximo do chumbo.

A VERDADE VELADA

«Ouso de véu por mulheres, seja integral (burqa e hiqab) seja parcial (hijab) merece-me o mais vivo repúdio. A ideia de que as mulheres devem andar tapadas, total ou parcialmente, porque essa é a única forma de serem respeitadas e respeitáveis - de "estarem seguras" - é para mim uma afirmação de desigualdade intolerável. Sou contra qualquer imposição do seu uso. Mas os mesmos motivos que me levam a rejeitar vigorosamente o véu e a sua imposição - os princípios da igualdade e da liberdade individual - obrigam-me a recusar a sua interdição total.

A Turquia foi, creio, o primeiro país do mundo a decretar uma interdição do véu em quase todo o espaço público, numa imposição musculada da laicidade. Farol laico da Europa, a França lançou em 2003 o debate com o relatório Stasi, solicitado por Chirac a um conjunto de "sábios" e concretizado em 2004 numa lei que interdita o véu (como outros sinais exteriores de religiosidade), nas escolas públicas (para estudantes e professores) e a funcionários de serviços públicos. Em França, a interdição parou à porta da universidade, onde as alunas são livres de usar véu;na Turquia inclui as universitárias.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FERREIRA LEITE: PORTUGAL PRECISA DE ESTADISTAS E NÃO DE POLÍTICOS

«A líder social-democrata considerou hoje que o acordo sobre o Orçamento só foi possível porque Portugal "não aguenta mais que a política seja dirigida em função dos votos", sublinhando que o país precisa de estadistas e não de políticos.» [Expresso]

Parecer:

Digamos que Manuela Ferreira Leite depois de ter feito o frete de deixar passar o orçamento a pedido de Cavaco ganhou o direito de ser a porta-voz da candidatura presidencial de Cavaco Silva no parlamento.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Manuela Ferreira Leite se esta frase tem alguma coisa a ver com uma outra em que sugeriu a suspensão da democracia.»

FINALMENTE OS ESPANHÓIS QUEREM IMITAR OS PORTUGUESES NALGUMA COISA

«E se a hora fosse a mesma em Espanha e em Portugal? A proposta é do presidente da Comissão Nacional para a Racionalização dos Horários em Espanha, Ignacio Buqueras, que pediu hoje que o horário espanhol volte a coincidir com o português, actualizado segundo o meridiano de Greenwich.

Assim era até ao pós-guerra, e assim deverá voltar a ser, segundo o responsável. As razões? Melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Buqueras analiso os resultados de um inquérito feito a 23 embaixadores espanhóis em vários países europeus e concluiu que Espanha deverá seguir o exemplo de Portugal, que tem menos uma hora, já que partilha com o nosso país a situação geográfica e climática.» [i]

Parecer:

Digamos que estão cheios de inveja de se terem de levantar quando os portugueses ainda estão na cama.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se uma gargalhada.»

TEIXEIRA DOS SANTOS FOI SURPREENDIDO PELO DÉFICE

«"Com certeza que fui surpreendido pelo défice de 9,3%" em 2009, disse Teixeira dos Santos, esta noite, em entrevista à RTP. O ministro das Finanças admitiu ter sido surpreendido pelos valores do défice face ao PIB. "A quebra da receita não era esperada. Em Outubro fui confrontado com a quebra da receita fiscal, o que nos permitiu projectar a quebra na receita fiscal total", disse. No entanto, nega poder falar em "morte lenta". "Acho excessivo", considerou.» [i]

Parecer:

Pois, o "corno" é sempre o último a saber.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se uma gargalhada do tamanho do défice.»

RANGEL NAMORA O ALBERTO JOÃO

«O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel acusou hoje, sexta-feira, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças de "falta de sentido de Estado" por alegadamente terem tentado criar uma "crise política artificial" em torno da Lei das Finanças Regionais.

"Este é o Governo da amnésia, do esquecimento, da irresponsabilidade. Um governo em que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças ameaçam com uma crise política artificial que teria consequências desastrosas por causa de uma lei particular, revelando enorme falta de sentido de Estado", disse Rangel, durante a tomada de posse da concelhia de Aveiro do PSD, liderada por Vítor Martins.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Rangel é cada vez mais candidato à liderança do PSD mas tem a estratégia cobarde de não assumir a candidatura evitando o confronto político. Com esta "boca" está claramente a tentar captar o apoio de Alberto João.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Alberto João se vai apoiar a candidatura do Rangel.»

NOVO CAÇA RUSSO

«El caza ruso Sukhoi PAK FA T-50 ha realizado hoy su primer vuelo de prueba, según ha informado una portavoz de la compañía. Se trata del primer caza completamente desarrollado en Rusia desde el colapso de la antigua URSS, con el que pretende plantar cara a la superioridad tecnológica y militar de Estados Unidos en los cielos.

El caza está dotado con tecnología stealth (avión furtivo), lo que le hace invisible a los radares, y cuenta con avanzados sistemas de control de vuelo y de armamento. El aparato es capaz de despegar y aterrizar en pistas de entre 300 y 400 metros de longitud. De acuerdo con algunos expertos, el aparato será capaz efectuar vuelos supersónicos de larga duración y repostar combustible en el aire. Sus sistemas de armamentos le permiten atacar simultáneamente varios blancos tanto en tierra como en el aire.» [El Pais]

IVES KRIEFF

CHILDREN OF THE STREET SOCIETY PRATORWATCH.CA