domingo, janeiro 13, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Peixe a secar, Nazaré

IMAGEM DO DIA

[David Moir/Reuters]

«Manifestation anti-Guantanamo devant le consulat américainà Edimbourg (Ecosse), à l'occasion du 6e anniversaire du camp, le 11 janvier.» [20 Minutes]

CARTOON DO DIA

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Mário Lino não deixou de pensar que a margem sul é um deserto ainda que haja quem diga que o único camelo que por lá pode ter pastado foi ele, antes pelo contrário, foi essa sua opinião que o levou a apoiar a mudança de localização, tendo-lhe bastado ler o prefácio do estudo do LNEC enquanto fumava um cigarro à porta do ministério. Com a incerteza quanto o futuro do Lisboa-Dakar a aposta de Alcochete ganhou a preferência do ministro que com o novo aeroporto já sonha com o Lisboa-Aljezur, a nova infraestrutura é o argumento que vai ser considerado par convencer os franceses a abandonar as areias de desertos ocupadas por beduínos da al-Qaeda a mudar a prova para as areias lusas.

JUMENTO DO DIA

Os rangers da ASAE

Parece que o IG d ASAE se quer transformar em super-polícia e a proposta que aqui se fez de lhe entregarem os blindados do Agrupamento Alfa começa a fazer sentido. Como se poderá explicar o treino em assaltos a edifícios e em perseguições automóveis?

É verdade que a ASAE tem competências policiais mas daí a ser uma força para-militares vai uma grande distância, estamos perante mais uma vaidade do IG. Recorde-se que há outras instituições com competências policiais e que operam em ambientes mais difíceis do que a ASAE onde os funcionários nem sequer têm acesso a armas a não ser que as comprem. É o caso, por exemplo, das Alfândegas que actuam no combate ao tráfico de droga ou do contrabando, isto é, em contextos de maior risco do que as intervenções da ASAE e nuca os seus funcionários foram transformados em rangers do Alentejo.

PS: O Inspector-geral da ASAE está de férias? Enquanto a TVI não conseguiu um comentário à notícia do Expresso porque o IG da ASAE estava de férias, este apareceu na SIC a dar explicações. Pelos vistos alguém lhe sugeriu que suspendesse as férias

MENEZES É UM ADMIRADOR DE SARKOZY

E Sarkozy é um admirador confesso de José Sócrates, conclusão: aplicando a propriedade associativa Menezes é um admirador de Sócrates ainda que lhe esteja vedado divulgar a admiração pelo primeiro-ministro.

O "REGRESSO" DE DURÃO BARROSO

Durão Barroso continua a ser igual a si próprio, põe a sua carreira pessoal acima de tudo e não hesita em usar as instituições que deveria servir par tratar da sua própria carreira. Com o futuro incerto em Bruxelas já está a preparar o terreno para o caso de falhar na sua tentativa de permanecer no cargo de presidente da Comissão. As vítimas são Santana Lopes, cuja lama ainda trás nos sapatos com que fugiu do país, e Luís Filipe Menezes.

SERÁ FINO FUMAR?

Na Edição do Expresso desta semana três dos seus mais conhecidos articulistas, Miguel Sousa Tavares, António Pires de Lima e Inês Pedroso dedicaram as suas crónicas a protestar contra a proibição de fumar em espaços fechados, um tema que, pelos vistos agrada às suas audiências. Miguel fala em nazismo, Pires de Lima sugere que se transgrida pois quer fumar o seu charuto no Pap'Açorda e Inês Pedrosa fala do salário mínimo para justificar o injustificável.

Para estes senhores crianças a fumar, autocarros e serviços públicos cheiro de fumo, almoçar ao lado de chaminés de charutos são símbolos de liberdade. Pois que se juntem todos e criem uma "Libéria" exclusiva para fumadores. Eu opto por aprovar as novas normas mesmo que isso me complique a vida, faço-o em nome de todos os que não vão fumar os cigarros alheios, dos que nunca irão fumar e dos muitos que desta forma acabarão por deixar de fumar. lamento que um semanário de referência dê voz à defesa dos cigarros.

PS: Fumo três maços de tabaco por dia e já não me recordo de quando comecei.

DIÁRIO DE UM CLANDESTINO

«Domingo, 6 de Janeiro - Chega ao fim a primeira semana após a entrada em vigor da Lei da Discriminação, também conhecida por Lei 37/07, ou Lei Antitabaco. Dois milhões de portugueses viram as suas vidas mudadas de um dia para o outro, sendo remetidos para a rua nos locais de trabalho, nos cafés e nos restaurantes, nos centros comerciais e nas lojas. Faz-me lembrar, irresistivelmente, os primeiros decretos antijudeus da Alemanha nazi. Será que aguentaremos o gueto sem nos revoltarmos?» [Expresso assinantes]

Parecer:

Miguel Sousa Tavares no seu pior, roçando mesmo o ridículo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

FAÇA COMO EU: TRANSGRIDA

«Desde 1 de Janeiro que eu e todos os portugueses estamos proibidos de fumar um charuto que seja no Pap’Açorda ou noutros templos de culto da arte de bem viver. Portugal macaqueia assim a moda higiénica «made in USA» que invadiu a Europa nos últimos anos. Ainda me recordo da minha primeira visita a Nova Iorque, em 1993, quando tendo feito menção de acender um charuto, na zona de fumadores de um restaurante, para encerrar em beleza um magnífico jantar, fui ameaçado de ser posto na rua se me atrevesse a acender «that thing you have in your hand». Esta hostilidade desnecessária contra os fumadores está, 15 anos depois, institucionalizada no meu país.» [Expresso assinantes]

Parecer:

António Pires de Lima é outro que também roça o ridículo, se eu estivesse a almoçar e ele se pusesse a fumar um charuto na mesa ao lado engolia-o com palito e tudo. Já me basta fumar os meus três maços de tabaco, era o que faltava, que ainda tivesse que fumar o seu charuto fedorento.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

FUME-SE DE INTOLERÂNCIA

«Lembram-se daquela anedota do alentejano que chega a casa, encontra a sua Maria na cama com outro e comenta, quase decepcionado: «Então, mulher que é isto? Modernismos? Qualquer dia estamos fumando...»? Pois já não é anedota: passou da fantasia do riso para a crueza da realidade. Fumar faz mal à Saúde e à Beleza, e atentar contra estes dois deuses contemporâneos tornou-se uma heresia, a mais escandalosa e ofensiva delas. Os exércitos dos Absolutamente Saudáveis clamam, em alta voz, que quem fuma devia perder o direito a usufruir do Serviço Nacional de Saúde. Quando se começa a olhar de perto o lago cintilante da Moralidade Instituída, acaba-se por descobrir que o que o faz cintilar é sempre o mesmo: o vil metal, a tinir, a tinir. Acresce que o argumento financeiro não colhe, de facto, porque em cada cigarrito que acendemos brilha uma percentagem assinalável de dinheirinho para os impostos. Por mim, já fumei o suficiente para pagar a minha doença e a de muitos outros.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Inês Pedrosa, que nem mesmo a fumar na cama me levava fumar um daqueles cigarros de que todos os fumadores gostam, também optou pelo tema fácil.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

OS VELHOS DO RESTELO CONTRA A WEST COAST OF EUROPE

«Está em curso um pouco subtil ataque à independência da opinião, no qual desaguam várias águas, todas convergentes: as do Governo, caudalosas, intimidantes e varrendo as margens; as da actual direcção do PSD, um pouco para o negro e tóxico; e as dos que acham que não têm lugar no escasso mundo da influência, apesar do seu génio, porque outros o ocupam e pescam em todas as águas por um lugarzinho ao sol. Os alvos são eu próprio, António Barreto e Vasco Pulido Valente. Falo por mim, porque os outros não precisam de procuração e sabem muito bem o que dizer.

Por singular coincidência, são críticas ao Governo e à aproximação do PSD ao bloco central que estão em causa, são críticas ao ambiente autoritário e de subserviência que incomodam, é a denúncia do controlo do espaço público pelo establishment que não pode ser apontada. É a violação das regras não escritas da complacência e conformidade, do respeitinho, que deve ser punida. Depois, há uns inocentes úteis, à esquerda e à direita, muito mais fáceis de domar pelo poder, até porque não têm audiência nem autoridade, que pensam que agora é que é a sua oportunidade e ajudam à festa. Não é nada que não tivesse acontecido no final dos vários tempos, de Cavaco, de Guterres, de Barroso-Lopes, e que teve como episódio maior o afastamento de Marcelo da TVI e as grandes manobras do Diário de Notícias na mesma altura.

Agora que o Governo e os seus alter-egos na oposição começam a conhecer as suas reais dificuldades é que é a sério. Sempre foi assim. Há um momento em que tudo deixa de ser a feijões e nessa altura não se brinca em serviço. Ao ar vão as amabilidades, usam-se as armas públicas e acima de tudo as menos públicas, as pressões sobre os órgãos de comunicação social, os ataques de carácter ad hominem, os processos, as tácticas de isolamento dos desobedientes. No "politiquês" há uma palavra para isto, "crispação". Agora que começam todos a ficar "crispados" atribuem-se as culpas aos do costume, por não se sentirem motivados pelo excelso optimismo do Governo, pelas virtudes sarkozianas do "líder da oposição", pela maravilha de país da West Coast da Europa que nos calhou em sina.

Os culpados são uns "velhos do Restelo", sem humor, uns pessimistas frustrados, que queriam ter uma gloriosa carreira pública, mas que não ganham eleições como o engenheiro Sócrates ou o dr. Lopes e vivem roídos por isso, uns intelectuais que só escrevem livros, o que, como se sabe, não é trabalho decente, e que nunca tiveram oportunidade de fazer festas, piscinas e centros de congressos com dinheiros públicos, deixando os municípios endividados por décadas, nem de darem computadores nas escolas, extorquidos por pouco subtis pressões às empresas que precisam do Plano Tecnológico e que também têm que pagar, como os empreiteiros obrigados a dar uma loja à câmara para fazer um edifício. Esses ressentidos subversivos que só sabem dizer mal sentem o mundo a cair à sua volta e não são capazes de ver o imenso mérito dos tempos modernos, quer do engenheiro tecnológico, quer dos modernizadores que querem partidos SA com cibercafés nas sedes, quer dos pensadores-engraçadistas que imitam os Gatos Fedorentos e o Inimigo Público e pululam nos blogues e nas televisões.

O que é que os "velhos do Restelo" têm que irrita particularmente?

Primeiro, poucas ilusões, o que não é propriamente um mérito, é mais para o lado da desgraça, mas não há volta a dar. Nisso, de facto, estão velhos e já viram tanta coisa que não se lhes pode pedir que pensem como o secretário de Estado que resolveu disciplinar os reformados dando-lhes 68 cêntimos por mês em nome da racionalidade dos gastos e da sua alta visão. Foi preciso um velho, que também não deve ter muitas ilusões, o ministro da pasta, para terminar com essa patetice em 24 horas, porque ele sabe o que é um reformado e o jovem imberbe não.

Depois, uma atitude, que hoje se considera cada vez mais bizarra e antiquada, face à liberdade. Prezam a liberdade de uma forma que só pode ser prezada por quem não a teve, e isso também não há volta a dar, só acaba com o túmulo. Nunca falarão de Salazar, da censura, da polícia, com a displicência yuppie dos nossos dias. Não têm "distância", embora o arranque da historiografia e da sociologia para fora das baías do antifascismo e do jacobinismo se lhes deva em parte, quando a academia permanecia gloriosamente dominada pelo PCP e pelos esquerdistas.

Aquilo que, na sua imensa ignorância, alguns consideram ser as ideias dos anos 60, o mal que Sarkozy e os seus imitadores querem extirpar, é uma noção individual da liberdade, um gosto pela vida autónoma, uma vontade de não depender de ninguém, uma desconfiança natural da autoridade presumida e arrogante, que sempre foi mais forte do que o invólucro radical desses mesmos anos. Por estranho que pareça, esta liberdade libertária tem continuidade na profunda convicção de que a revolução dos costumes desses anos, o que deles vai ficar, só é garantida pela riqueza, riqueza de dentro, a "cultura", esse termo tão abastardado, e riqueza de fora, posse das coisas, de bens, do tempo próprio.

Essa liberdade antiquada é vista quase como um atavismo, um resquício do pecado original inexpiável de terem sido comunistas, maoístas, esquerdistas, ou suspeitos anti-salazaristas e terem abandonado esses lugares do crime 20 anos antes do dr. Pina Moura, que, pelos vistos, o fez no tempo certo. O absurdo é ver ataques a António Barreto por ter sido comunista há 40 anos, ele que foi o alvo principal do PCP, junto com Soares, na questão da Reforma Agrária.

Não adianta sequer dizer à ignorância impante que, com excepção de meia dúzia de conservadores, poucos, aliás, a "luta final" que terminou em 1989 com a queda do Muro de Berlim, como escreveu Silone, foi mais entre comunistas e ex-comunistas. Os grandes textos simbólicos contra o comunismo, O Retorno da URSS, O Zero e o Infinito, o 1984 e O Triunfo dos Porcos, vieram de homens como Gide, Koestler e Orwell. Nos momentos mais duros da guerra fria, os ex-comunistas e os liberais mais radicais com quem se aliaram foram os únicos a travar o combate intelectual contra a hegemonia intelectual comunista. Revistas como o Encounter ficaram como exemplo dessa aliança em tempos bem mais difíceis do que os de hoje. E que, nos momentos decisivos do fim do império soviético, quando o expansionismo soviético conheceu o seu espasmo agressivo entre o Afeganistão e Angola, só ex-comunistas, como Mário Soares, e ex-maoístas lutaram contra a URSS, a favor de dissidentes soviéticos como Sakharov, em Portugal, em França com os "novos filósofos", mesmo nos EUA, onde muitos neocons vinham da esquerda radical americana.

Depois os "velhos do Restelo" são também antiquados por não gostarem muito da redução da política ao marketing, à publicidade e à substituição da decisão política pela parafernália da gestão da imagem, das sondagens e dos aconselhamentos pelas agências de comunicação. Tendem a ver a substituição dos órgãos políticos de decisão, eleitos e tendo que prestar contas, por gabinetes de assessores e agências de comunicação, por spin doctors e "marqueteiros", como uma degradação e uma opacidade. Não gostam dos homens de plástico que nos vendem hoje e do mundo de plástico que vem com eles. E isso gera um conflito de interesses com o crescente papel no mundo comunicacional dos profissionais da propaganda moderna e dos políticos que se moldam a esta realidade "comprando" a sua imagem.

Há muitas outras razões, como a de não serem fáceis de encaixar nas categorias a preto e branco das classificações esquerda-direita, uma perturbação para a ordem do mundo e dos regimentos em combate, mas o defeito maior está na sua independência feita de muitos "nãos" e pouco sensível à lisonja e aos consensos beatos em que vivemos, entre a "cultura", os negócios e a política. Por isso, se não estivessem por cá, tudo seria muito melhor, mais "moderno" e mais construtivo.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Pacheco Pereira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O GENRO E A AMIGA

«Faz ou não parte da intimidade da vida privada o facto de um trabalhador e uma trabalhadora de uma empresa se abraçarem e beijarem no local e durante o horário de trabalho, sendo ele casado com outra mulher? E sendo essa outra mulher uma sócia gerente da empresa?

O caso que se colocou ao Tribunal da Relação do Porto era, mais propriamente, o de saber se era ou não crime de difamação o facto de um trabalhador que presenciara essas cenas amorosas tê-las narrado a um outro sócio gerente, pai da sócia gerente em causa. O facto é que João contou ao patrão, depois de este lho ter perguntado, que vira o seu genro e uma sedutora trabalhadora abraçados e a beijarem-se no gabinete da filha. E o genro veio a ser despedido.

Não sabemos se o genro pôs em causa nos tribunais o despedimento de que foi objecto, mas sabemos que genro e jovem trabalhadora se queixaram criminalmente do João. Entendiam que este os tinha difamado.

O Tribunal de Instrução Criminal, no entanto, considerou que o João tinha agido no exercício de um legítimo direito e dever e, em consequência, arquivou o processo. Recorreram genro e co-trabalhadora para o Tribunal da Relação do Porto, onde os juízes desembargadores David Pinto Monteiro, José João Teixeira Coelho Vieira e António Gama Ferreira Ramos, no passado dia 19 de Dezembro, se debruçaram sobre a suas pretensões, E consideraram que era difamatória a actuação do João, no sentido em que aquilo que contara ao patrão era ofensivo da reputação do genro e da colega. Considerou a Relação do Porto que:

"Mesmo nos tempos que correm, em que do ponto de vista da moral os costumes já não são tão rígidos como em tempos o foram, imputar-se a um homem casado um relacionamento amoroso com outra mulher que não a legítima, ou imputar-se a uma mulher um relacionamento amoroso com um homem casado que não seja o seu marido, ocorridos no local de trabalho, ainda são ofensivos da reputação dos visados, pois tais factos contêm em si uma reprovação ético-social."

Mas lembraram que, nos termos da lei, o crime de difamação é afastado quando os factos narrados forem verdadeiros e a sua narração foi feita para realizar interesses legítimos.

E, não havendo dúvidas que os factos eram verdadeiros, debruçaram-se os juízes desembargadores sobre a magna questão de saber se eram legítimos os interesses que o João servira ao contá-los ao patrão. E consideraram:

"O relacionamento amoroso entre os queixosos, mesmo considerando que um deles era casado com uma das sócias da empresa onde ambos trabalhavam, do ponto de vista laboral nada teria de relevante, se não tivesse havido manifestações do mesmo nas instalações da empresa. (...) Mas sendo ambos trabalhadores da empresa e tendo as manifestações de cariz amoroso tido lugar nas instalações daquela, ou seja, no seu local de trabalho, já assim não acontece. Sendo aquele o seu local de trabalho, não podiam nem deviam estar a utilizá-lo para outros fins, nomeadamente para manifestações de cariz amoroso. Estavam vinculados ao dever de respeito para com a entidade patronal, constituindo o facto em causa, manifestamente, a violação de tal dever."E a empresa tinha um legítimo interesse em saber o que se passava nas suas instalações, sendo certo que os factos em causa podiam até pôr em causa o lugar de trabalho do João e a produtividade da empresa. Nomeadamente, acrescento eu, a produtividade da sócia gerente traída. Como se refere no acórdão:

"Imagine-se o caos que seria numa grande empresa se a dado passo algum ou alguns dos trabalhadores, nas instalações da mesma, tomassem atitudes da mesma natureza das imputadas aos queixosos. Trata-se, portanto, quanto a nós, de um facto susceptível de ser classificado como infracção disciplinar laboral e, consequentemente, de ser sancionada disciplinarmente."

Mas a lei, embora preveja que não seja crime a divulgação de factos ofensivos da reputação quando são verdadeiros e a sua divulgação serve interesses legítimos, exclui no entanto a divulgação de factos relativos à intimidade da vida privada ou à vida familiar que continua a ser crime, mesmo que sejam verdadeiros e legítimos os interesses na sua divulgação.Contudo, acrescentou a Relação do Porto, a lei também prevê que não haja crime, seja o de difamação, seja qualquer outro, quando a actuação resulta do exercício de um direito, do cumprimento de um dever ou tenha sido consentida pela pessoa atingida.Não havendo aqui, claramente, consentimento nem do trabalhador genro, nem da esbelta trabalhadora, analisou a Relação do Porto se, ao ter contado o que vira, o João estaria a cumprir um dever ou a exercer um direito e disse:

"Quanto ao exercício de um direito, com alguma boa vontade poder-se-á admitir a sua existência. Uma coisa é certa: o arguido agiu no cumprimento de um dever, que é o dever de lealdade que tinha para com a entidade patronal. Sendo ele funcionário da empresa e tendo sido questionado por um dos sócios gerentes sobre factos que se estariam a passar nas instalações daquela e que nada tinham a ver com o trabalho, podendo mesmo vir a pôr em causa o seu bom funcionamento, factos esses que constituem infracção disciplinar, o dever de lealdade para com a entidade patronal impunha-lhe que a informasse de factos que tinha presenciado."

Estava, assim, excluído o crime, mas a Relação do Porto acrescentou ainda que também não existia crime, porque não existia dolo: "o crime de difamação é de natureza dolosa" e, "dadas as circunstâncias do caso, não consentem as mesmas a conclusão de que foi intenção (do João), ao referir o facto em causa, ofender a honra e consideração dos queixosos, ou sequer que tinha consciência da ilicitude da sua actuação". E, em consequência, foi arquivado definitiva e sensatamente o processo crime contra o João.» [Público assinantes]

Parecer:

Francisco Teixeira da Mota dá-nos conta de um processo curioso que foi decidido pelo Tribunal da Relação do Porto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AS FP-25 CONTRA-ATACAM

«Contrastando com a indiferença e calma com que Sócrates abandonou a sala, Mário Soares, que tinha discursado antes, no seminário que decorreu ontem na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, ainda tentou acalmar os ânimos, sugerindo que se o participante não ficasse em silêncio seria posto na rua, o que de pouco adiantou. O homem continuou dizendo que “a esquerda de que [Sócrates] fala não existe”. E foi ao ponto de dizer que já estava farto de ouvir “umas cem vezes a palavra ‘esquerda’”, numa clara referência ao discurso de Sócrates, que não se coibiu de usar o termo. Muitos dos presentes na sala voltaram-se contra o autor dos protestos, que ficou incomodado. Na resposta, Mouta Liz gritou que a maioria dos presentes “vive à custa do Estado”.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Afinal o homem não era um sindicalista da CGTP como adiantou uma televisão, era um antigo dirigente das FP-25 que deve ter conseguido sair do congelador.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Volte a meter-se o homem na câmara frigorífica.»

DEPOIS DA "GINGINHA DO ROSSIO" FOI A VEZ DA "ALIANÇA" DE FARO

«A mercearia mais antiga e típica da cidade de Faro, a Aliança, foi obrigada a adiar as celebrações do centenário depois de a loja ter sido encerrada por decisão da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE).» [Correio da Manhã]

Parecer:

Parece que a ASAE se está a especializar em fiscalzar as casas mais antigas como garantia de sucesso na comunicação social.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se a ASAE sobre já fiscalizou os restaurantes da Assembleia da República ou a cozinha do Palácio de Belém.»

MENEZES VAI ENCONTRAR-SE COM SARKOZY

«Luís Filipe Menezes irá encontrar-se com Nicolas Sarkozy durante o mês de Fevereiro, soube o DN junto de fontes próximas do líder do PSD. O encontro com o Presidente francês insere-se no âmbito de uma deslocação de Menezes a Paris de alguns dias, estando previstos almoços, jantares e encontros quer com a comunidade portuguesa ali residente quer com empresários de sucesso luso-descendentes.» [Diário de Notícias]

Parecer:

A única dúvida política que este encontro suscita é se Menezes vai conhecer a Carla Bruni.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Menezes que peça à Carla Bruni uma fotografia autografada para afixar aqui no palheiro.»

AGENTES DA ASAE RECEBEM TREINO PARA-MILITAR

«A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a treinar os seus agentes em tácticas paramilitares. A formação é ministrada por ex-militares, agentes dos serviços secretos portugueses e até recorrendo a elementos do corpo de polícia especializada norte-americano - SWAT. O objectivo é dotar os agentes de fiscalização económica de capacidade de intervenção em situações críticas. Estas medidas apadrinhadas por António Nunes, presidente da ASAE, são vistas internamente como excessivas, dado o âmbito de actuação deste órgão. As críticas estendem-se ao centro de formação de Idanha-à-Nova, onde os formandos dizem viver em autêntico regime militar. Neste espaço isolado, os agentes têm treino de tiro numa carreira improvisada, aulas de defesa pessoal e formação jurídica.» [Expresso assinantes]

Entretanto, parece que falta o treino para verificar a validade dos extintores da própria ASAE:

«O Expresso esteve esta semana dentro das instalações da ASAE e encontrou razões suficientes para uma intervenção dos seus agentes. De todos os extintores que encontrámos, inclusive os que estão junto dos laboratórios, nenhum estava dentro do prazo de validade (que expirou no mês de Julho passado, como se vê na foto).»

Parecer:

Será que o inspector-geral da ASAE decidiu assaltar os casinos?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a ASAE que cumpra as regras..»

PSD DE MENEZES IRRITADO COM DURÃO BARROSO

«‘‘Durão Barroso foi muito imprudente. Quando um presidente da Comissão Europeia que não se tinha despedido da sua tribo (o PSD) precisa de regressar à barbacã da sua cidadela para se reunir apenas com uma parte da tribo, deixa-nos perplexos. Ou cometeu um lapso, ou está nervoso ou está em perigo’’. A afirmação é de Ângelo Correia, braço-direito de Luís Filipe Menezes na condução do PSD, e traduz o mal estar provocado pela reunião de Barroso, domingo passado em Lisboa, com 40 notáveis do partido.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Começou a pancadaria no PSD e ainda falta um ano para as legislativas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Ângelo Correia se não conhecia Durão Barroso.»

VERDE-EUFÉMIOS VÃO A TRIBUNAL

«O processo está neste momento nas mãos do juiz de instrução criminal de Portimão, que deverá emitir um despacho em breve. Fontes ligadas ao caso calculam que a acusação deduzida pelo MP seja conhecida entre o final de Fevereiro e princípio de Março. “Houve contratempos mas não atrasos significativos.”» [Expresso assinantes]

Parecer:

Aguardemos para ver mais um espectáculo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos verde-eufémios que nomeiem Miguel Portas para advogado. Não é jurista mas pela forma como ala parece que sabe de tudo.»

MÁRIO LINO SÓ PRECISOU DE LER 20 PÁGINAS PARA SE CONVERTER EM BEDUÍNO

«José Sócrates pediu ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil que fosse o mais explícito possível nas conclusões do seu estudo comparativo da Ota e de Alcochete. O primeiro-ministro enfatizou ao grupo de trabalho chefiado por Matias Ramos a necessidade de um estudo claro que facilitasse a decisão final do Governo.

Ficou assim facilitada a tarefa de Mário Lino: o ministro das Obras Públicas tomou a decisão ao serão de quarta-feira, no próprio dia em que recebeu “a versão completa” do estudo encomendado há sete meses. Bastou-lhe para tanto ler o sumário executivo, ou seja, apenas 20 das 300 páginas do relatório, e reter sobretudo a sétima conclusão onde se lê, preto no branco, que “a localização do NAL na zona do Campo de Tiro de Alcochete (CTA) é a que, do ponto de vista técnico e financeiro, se verificou ser, globalmente, mais favorável”. Seguiu-se o esboço do despacho que seria aprovado, no dia seguinte, em Conselho de Ministros.» [Expresso assinantes]

Parecer:

O homem lê muito depressa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ofereçam-se uns óculos a Máro Lino.»

ORTODOXOS DO PCP ASSALTAM CGTP

«A Comissão Executiva, de trinta membros, esteve reunida nos dias 7 e 8. A agenda foi dominada pela lista para o Conselho Nacional, a ser eleito pelo congresso de 15 e 16 de Fevereiro. “Foi talvez a reunião mais tensa desde a saída do Judas”, contou um dos participantes, que pediu para não ser identificado. Outro dirigente foi mais lacónico: “A reunião correu realmente muito mal”. Habitualmente sereno, Carvalho da Silva chegou a exaltar-se com algumas críticas feitas por elementos do seu próprio partido, que, em contrapartida, mantiveram o que alguém classificou de “frieza de gelo”. “Fulanização”, “individualismo” e até “presidencialismo” foram expressões que se fizeram ouvir. O secretário-geral (que se escusou a falar para o Expresso), argumentou que era um contra-senso liderar uma direcção para a qual não era achado. Da mesma maneira que alegou não poder aceitar que as suas propostas não fossem consideradas na elaboração do programa.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Parece que acham que não controlam suficientemente a central sindical.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Inicie-se a contagem decrescente para a CGTP.»

SÓ CEM

«Mais de 100 presidentes de Câmara do Oeste, Vale do Tejo e da região Centro vão subscrever um "caderno reinvidicativo" que tencionam entregar ao primeiro-ministro, no máximo dentro de dois meses. Em nome dos autarcas que exigem contrapartidas pelo facto de o Governo ter optado por Alcochete em detrimento da Ota para construir o futuro aeroporto internacional de Lisboa, o edil do Cartaxo, Paulo Caldas, disse ao JN existirem condições para que até Março "um documento provisório possa ser entregue ao Governo".» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Por este andar até o cabo de mar das Berlengas vai querer ser compensado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos senhores autarcas se também não querem uma praia na Messejana.»

CONGELAMENTO ADMINISTRATIVO DAS CARREIRA

«A Direcção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP) deu indicação aos departamentos e serviços para aguardarem pela nova lei dos vínculos, carreiras e remunerações antes de avançarem com progressões nas carreiras ou com prémios de desempenho. Uma orientação que a Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública contesta e considera "ilegal", tendo já confrontado o Governo com esta situação.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Parece que o governo descongelou para em privado voltar a congelar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro se deu instruções nesse sentido, como parece ser evidente.»

AS CONSPIRAÇÕES DO COSTUME

«Deus criou o mundo em seis dias. O dr. Luís Filipe Menezes, provavelmente porque não é Deus, vai precisar de seis meses para mudar Portugal. Mudar Portugal é muito mais difícil do que criar o mundo e toda a gente compreende que o dr. Menezes leve mais tempo. Mas como irá ele mudar Portugal, e apesar de tudo tão depressa? Nada mais simples: "desmantelando o peso do Estado". E como se desmantela o peso do Estado? Passando uma larga parte dos serviços sociais para o sector privado e o sector cooperativo: por exemplo, águas, resíduos, saúde, ensino e o mais que se verá. O espírito do dr. Menezes dissipa as trevas do país como antes dissipou as de Gaia. Felizmente, em Gaia, ninguém o ouvia e, quando o ouvia, o tomava a sério.Não admira que o PSD, essa estranha criatura, se comece a mexer. Primeiro, porque lhe ocorreu que o dr. Menezes, com todo o seu génio e fantasia, talvez não ganhe em 2009. Segundo, porque se aproxima o momento, sempre delicado, de "fazer as listas" e há quem trema com a ideia de que elas serão "feitas" pelo dr. Menezes. E, terceiro, porque o PSD nunca desiste de esperar um salvador, caído do Céu ou até do Porto. O dr. Pacheco Pereira tem lancinantemente implorado ao partido que não "conspire". Só que o partido não ouve, ou finge que não ouve, o dr. Pacheco Pereira, e já anda por aí a conspirar. Experimentalmente, por enquanto. De qualquer maneira, com o entusiasmo do costume. Os partidos, como as pessoas, não mudam, e o dr. Menezes, como alvo, atrai.

A guerra abriu com um jantar oblíquo do grupo "amigos de Barroso", que não convidou Santana Lopes. Santana foi despromovido a "erro". Parece que Barroso, com a pressa, não arranjou melhor. A seguir, o dr. Balsemão, no dia em que dirigiu o Expresso, publicou uma apologia fotográfica de Rui e Rio e Aguiar-Branco, e majestaticamente ignorou Menezes: como quem propõe sem propor ou, sem propor, propõe. E, anteontem, Rui Gomes da Silva acusou Branco de almocinhos perversos, de jantarinhos sem nome e de "estar à procura de uma solução pós-Menezes". E ameaçou: "Digam lá! Quem quer ser deputado?" Mas, claro, os "conspiradores" não responderam. Ao contrário de Pacheco Pereira, preferem moer a matar: uma questão de estilo. E são eficazes. Um ano disto e Sócrates ganha a segunda maioria. O que desde Cavaco se herdou sempre no PSD: um partido de conspiradores.» [Público assinantes]

Parecer:

Vasco Pulido valente escreve sobre o jantar de Durão Barroso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se,»

FISCO NÃO DEIXA DEVEDORES DESCANSADOS

«O fisco não pára. As palavras de ordem são agilidade e rapidez a detectar e actuar sobre os devedores, nomeadamente penhorando-lhes os bens e os outros activos. Por isso, está a ser desenvolvido um sistema de comunicação «online» entre a Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) e o Banco de Portugal cujo objectivo é obter, de forma mais célere, informação sobre “as contas bancárias e produtos financeiros detidos, depositados ou registados pelos devedores em todo o sistema financeiro”, adiantou ao Expresso fonte oficial do Ministério das Finanças.» [Expresso assinantes]

Parecer:

É cada vez mais difícil esquecer as dívidas ao fisco.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. "O Flaviense", um blogue nascido em Chaves, a "Azinhaga da Cidade" e o "Portuscale" foram incluídos na lista da coluna da direita.
  2. A "Nau Catrineta" considerou O Jumento o melhor blogue do ano de 2007. Obrigado.
  3. O "Ponto por Ponto" gostou que se tivesse chamado a Sócrates o falhador de promessas.
  4. O "Fliscorno" também acha que Sócrates saiu melhor do que a encomenda ao fazer esquecer o referendo com a divulgação da escolha da localização do novo aeroporto.
  5. O "Alcáçovas" levou um fardo publicitário do Palheiro.

OLA DAMBERG

HALEH BRYAN

TEREZA ZAFON

GIUSEPPE C.

RICARDO ALBERTO MACIEL

SALDOS

50% de 19,9€ são são 139€!

UNITED WAY TEEN PREGNANCY PREVENTION

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Advertising Agency: BVK, Milwauukee, USA
Creative Director: Gary Mueller
Art Directors: Brent Goral, Giho Lee
Copywriters: Mike Holicek, Jeff Ericksen
Photographer: Tim MacPherson

MERCEDES BENZ

Advertising Agency: Jung von Matt/Donau, Vienna, Austria
Creative Directors: Andreas Putz, Volkmar Weiss
Art Director: Volkmar Weiss
Copywriter: Thomas Niederdorfer
Illustrator / Graphics: Eva Jordan
Photographer: Vienna Paint
Account Supervisors: Peter Hoerlezeder, Judith Zingerle
Wood Carving: Toni Baur

BENDON LINGERIE

[2][3]

Advertising Agency: Pirana, Dubai, UA
EChief Creative Officer / Copy Writer: Shehzad Yunus
Creative Director / Art Director: Arun Divakaran