quinta-feira, janeiro 31, 2008

Uma marioneta parlamentar e um artista de televisão


Surpreendentemente, ou talvez não, o PSD continua tão santanista como dantes, mais uma vez isso ficou evidente no debate parlamentar. Ao optar pela estratégia da rasteira Santana Lopes apostou no espectáculo esquecendo-se de que enquanto “artista” já teve melhores tempos. Tendo muito por onde questionar a remodelação governamental Santana Lopes optou se pôr em evidência, tentando condicionar a resposta de Sócrates para depois dizer a graçola que tinha preparada e achou que tinha muita piada, não deu os parabéns a Sócrates pela remodelação.

Com o PSD a ser derrotado nos debates parlamentares Luís Filipe Menezes não só abandonou o estatuto de “treinador de bancada” que assumiu no debate do Orçamento de Estado, como agora desvalorizou o parlamento e reduziu Santana Lopes à sua interposta pessoa. O líder parlamentar do PSD deixou de ser o goleador treinado por Menezes, para ser uma marioneta de um teatro onde o manipulador se sente frustrado por não assumir o protagonismo.

Para Luís Filipe Menezes jogar no parlamento é como jogar fora de casa, ainda por cima é obrigado a ver o espectáculo desde a bancada pois está para o jogo político como os jogadores que por não terem sido inscritos a tempo na Liga dos Campeões estão impedidos de jogar nesta competição.

Como não pode ir ao Parlamento, a não ser para tomar uma bica com os deputados, devidamente agendada para que as televisões estejam presentes, Menezes quer que o debate político em democracia se ajuste aos padrões provavelmente sugeridos pelo Senhor Cunha Vaz, como nem ele é deputado, nem Sócrates é membro da Assembleia Municipal de Gaia descobriu que a única forma de se cruzar com o primeiro-ministro seria em debates televisivos.

Para Menezes a democracia deixou de ter o parlamento como espaço privilegiado, em vez de se sujeitar às questões dos deputados eleitos o primeiro-ministro deve sujeitar-se às questões colocadas por um jornalista escolhido por um director de informação e responder às perguntas devidamente negociadas entre assessores de comunicação. O primeiro-ministro deve deixar de o ser para se converter em mero candidato ao cargo em condições de igualdade com o autarca de Gaia.

A Menezes pouco importa quantos deputados foram eleitos em eleições legislativas, interessa-lhe antes saber quantos comentadores simpáticos para com ele participam nos programas de televisão. Pouco lhe interessa saber se o governo está a governar bem ou mal, quer antes discutir os seus projectos governamentais com José Sócrates.