quinta-feira, janeiro 24, 2008

E agora, do que vamos falar?


Poderíamos falar do aumento do preço do leite mas isso é coisa demasiado complexa, mete aumentos de procura das economias emergentes, taxas de câmbio, redução da produção comunitária, aumento do preço do milho, aumento da procura de cereais resultante dos bio-combustíveis e muitos outros factores. De resto, é mais fácil discutir a construção de aeroportos ainda não tenhamos uma licenciatura em engenharia devidamente certificada pela respectiva Ordem.

Ou então discutir o Tratado mesmo que nunca tenhamos lido uma linha dos tratados do passado, nem sequer do nosso Acto de Adesão. De resto, para dizer que a culpa é da CEE, como fez o inspector-geral da ASAE, nem é preciso ler tratados, aliás, nem valeria a pena exigir ao senhor da cigarrilha que se dedicasse a tão fastidiosa literatura. Ele próprio é um tratado de coisas várias, uma personagem tão tipicamente genuína como o salpicão de Chaves, feito por mãos que só não são perfeitas porque não estão devidamente higienizadas como mandam as regras da CEE:

A ratificação do Tratado é coisa do passado, o aeroporto vai ficar em Alcochete, a remodelação governamental nunca mais surge para descanso do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (que de tanta nomeação de amigos do PSD para a DGCI acabou cansado), os disparates do Menezes já não suscitam debates, estamos tramados, vamos ficar sem assunto.

Poderíamos discutir os muitos problemas que enfrentamos, especular sobre as consequências de uma eventual recessão, perguntar ao ministro das Finanças porque razão estamos melhor preparados para enfrentar crises, aproveitar este interregno para sugerir ao ministro que explique o que lhe vai na cabeça em matéria de modernização da saúde. Mas não, de repente ficámos sem matéria.

Esperemos que alguma figura menor faça algum disparate, talvez a directora da DREN, o ranger da ASAE ou mesmo um agente da PSP à civil, para que se quebre a monotonia que se avizinha até ao verão, ocasião em que estaremos preocupados em saber onde o jet set de São Bento e Arredores vão pôr os burrinhos na areia.

Ou estou muito enganado ou isto vai regressar à monotonia.