domingo, dezembro 16, 2007

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Fonte, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Eric Feferberg/AFP]

«BRUSSELS, BELGIUM – DECEMBER 14: (L-R) Spain's Prime Minister Jose Luis Zapatero, France's President Nicolas Sarkozy and Britain's Prime Minister Gordon Brown attend the European Summit at the headquarters of the European Council on December 14, 2007 in Brussels, Belgium. EU leaders, fresh from signing a treaty that overhauls the way the bloc runs, will strive to present a united front on Kosovo as the Serbian province prepares to move to independence. » [Tiscali]

PS: Do que estarão a rir, será que estariam a ver ESTA imagem?

JUMENTO DO DIA

O referendo de todos os protagonismos

Mais do que para decidir o que quer que seja o que muitos defensores do referendo ao Tratado pretendem é conseguir protagonismo com a sua realização. Marques Mendes não resistiu à tentação de ressuscitar por momentos, aproveitando o tema para tentar dar uma bicada de despeito a Luís Filipe Menezes.

AUTOGESTÃO ESCOLAR

«As escolas secundárias recebem dinheiro dos impostos para prestar um serviço ao público em geral. Simplificando, os professores, os funcionários e os dirigentes de uma escola são agentes ao serviço do contribuinte. Mas quem actualmente manda na escola são os professores e os funcionários, que escolhem os conselhos executivos, e os burocratas do Ministério da Educação, que decidem o que é que os conselhos executivos podem fazer. O contribuinte, na prática, não manda nada. Quem paga não manda, quem manda não paga.» [Diário de Notícias]

Parecer:

João Miranda critica o actual modelo de gestão das escolas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A LAMA NA VENTOINHA SUJA TODA A GENTE

«O escândalo BCP parece não ter fim. Todos os dias há novas revelações - e cada uma é pior que a anterior. A pergunta que qualquer cidadão coloca é: como foi possível? Como foi possível que, no banco que durante 20 anos vendeu uma imagem de excelência, se pudessem ter feito, com a participação dos mais altos quadros da instituição, operações que ferem gravemente a deontologia e a ética bancárias? Como foi possível descer ao nível do malabarismo financeiro, tornear regras e leis, pactuar com situações inadmissíveis, utilizar manobras próprias de quem considera que os fins justificam quaisquer meios? Como foi aceite a utilização de «off-shores» e de testas de ferro e o aligeiramento dos mecanismos de controlo, sem um sobressalto dos auditores? Em resumo, como foi possível chegar ao clima de putrefacção interna a que se chegou?» [Expresso assinantes]

Parecer:

Nicolau Santos questiona como foi possível que o BCP tenha chegado ao estado lastimável em que está.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O CIRCO

«Vivemos dias de verdadeiro circo político. Eu sei que esta é a época dos circos descerem à cidade, mas ao menos que tragam leões e trapezistas, elefantes e malabaristas, e não este estendal de vazio e demagogia que por aí tem andado à solta entre os nossos queridos dirigentes europeus.

José Sócrates tem vivido noutro planeta - lá onde ele é um grande estadista e onde, de braço dado com Durão Barroso, representou uma Europa onde já ninguém se revê, o lugar do menor denominador comum da política. No fim-de-semana passado tivemos a Cimeira UE-África e a pomposa ‘Declaração de Lisboa’ - coisa ‘histórica’ para Sócrates, que se vê a fazer História a cada passo, e na realidade uma Magna Carta de inutilidades e hipocrisias. Retive, em particular, a imagem de Mugabe a chegar ao pavilhão do encontro, deslizando em tom arrogante entre seguranças e curiosos, e cumprimentando à passagem o secretário de Estado João Cravinho - (o homem que mais trabalhou para que ele estivesse presente e a cimeira se realizasse) - sem sequer o olhar e sem sequer parar para a mão estendida. E retive as imagens do estimável coronel Kadhafi, que noutros tempos mandava pôr bombas em aviões chacinando centenas de inocentes, e agora transformado em respeitável estadista, com aspecto de palhaço rico saído dos armazéns, a acenar com milhões para distribuir em negócios na Líbia, em troca de ser recebido na Universidade para debitar livremente as maiores asneiras e receber para o beija-mão na tenda do seu circo alguns escolhidos homens de negócios, salivando de gula. Uma “parceria”, uma “coisa histórica”, anunciou Sócrates à nação e ao mundo. Os tão celebrados direitos humanos passaram ‘agora’, por artes da ‘declaração de Lisboa’, a ser ‘património universal’. Traduzindo por miúdos e acredite quem quiser, os sobas africanos vão dar mais uma oportunidade às multinacionais europeias de concorrerem com os chineses no saque das riquezas naturais de África e gente como Mugabe, Kadhafi ou o bandido do Sudão vão passar a comportar-se como bons rapazes. Uma viragem histórica. E foi Sócrates que a conseguiu.

Anteontem foi outro momento histórico: a assinatura do ‘Tratado de Lisboa’, a versão corrigida da Constituição Europeia. Ninguém o leu, ninguém o vai ler, ninguém o vai referendar. Basta-nos que os nossos estimados governantes europeus, lá no assento etéreo onde subiram, nos garantam que é para nosso bem e que, subitamente preocupados com a contribuição dos seus infindáveis voos para o aquecimento global, tenham aceite, nesta ocasião, partilhar alguns aviões entre eles, de modo a minimizar os danos causados pelas 512 toneladas de CO2 que se estima que eles tenham causado com a assinatura do Tratado nos Jerónimos.

E, assim, José Sócrates cumpre, com brilhantismo, esta maratona de seis meses de presidência europeia. Não duvido por um instante que o homem tenha dado o melhor de si, que se tenha esfalfado por esses céus da Europa e do mundo a levar a mensagem da Europa a todos os descrentes e que, no final, sem dúvida que ele e Portugal passaram a ser bem mais conhecidos e prestigiados. Sosseguemos, pois. Até porque, por via do Tratado agora assinado, nunca mais nos volta a calhar este brinde do bolo-rei europeu.

Sócrates vai, então, descer à cidade, onde o espera uma barragem de chatices a que já não estava habituado. Greves na Função Pública, patrões que esperam ‘apoio’ do Governo para cumprirem os acordos que assinaram com os sindicatos, empreiteiros que desesperam por despesa e obras públicas, o sarilho da Ota para resolver, o maior banco privado nacional em continuado e alegre processo de implosão, o ministro das Finanças que, se não o seguram, privatiza tudo, até o ar que respiramos, para se ver livre do défice, e uns malucos que, não vendo cimeiras nem Expos no futuro próximo, já nos ameaçam com um Mundial de Futebol para que não se perca este saudável hábito das grandes festas públicas com a factura a debitar às receitas do IRS.

Há também outras pequenas questões no horizonte que, a muitos vão afectar, mas a Sócrates pouco dirão - a política moderna é a gestão dos grandes dossiês e jamais a consideração dos problemas concretos do dia-a-dia das pessoas. A partir de Janeiro, vamos ter a tão desejada caça aos fumadores, com a prestimosa e esperada colaboração da denúncia popular; vamos passar a escrever em brasileiro - uma súbita lembrança do ministro Amado, no meio do frenesim europeu; e até consta que, sob os altos auspícios da nova polícia ASAE, a porcelana para os cafés e chás e o vidro para as restantes bebidas vão ser higienicamente substituídos por copos de plástico universais (enquanto que o senhor que dá pela alcunha de ministro do Ambiente, depois de ter dado o melhor de si para que o mar não engolisse um restaurante da Costa de Caparica, estuda agora uma nova ‘causa’, qual é a de tributar os sacos de plástico nos supermercados).

E temos também uma guerra civil entre marginais da noite do Porto e de Lisboa. Aqui, Sócrates tem já à perna Paulo Portas, que vive há anos a tentar convencer-nos de que Chicago-30 é aqui e agora e que jura que com mais uns quantos GNR distribuídos pelas aldeias e vilas e uns PSP contratados de fresco e mandados para as ruas, a coisa se resolve. E tem, claro, o ‘novo PSD’ a garantir que, se os seguranças do Porto se matam uns aos outros e a polícia assobia para o ar, a culpa é do Governo. Mas, por entre a demagogia histérica da oposição, o primeiro-ministro tem, de facto, um problema concreto para resolver: perceber porque é que a polícia nada faz para deter umas dezenas de marginais que, ao que parece, toda a gente sabe quem são, onde param e o que preparam. A menos que se queira entrar pela via da desculpabilização tão habitual nos portugueses - faltam meios, faltam carros, é o novo Código de Processo Penal que não deixa prender os bandidos, e outros dislates impúdicos que tais - Sócrates tem de chamar os responsáveis pela polícia e perguntar-lhes o que se passa e porque não se passa nada. Exigir-lhes explicações e resultados. Para que não suceda como no caso McCann onde a PJ, com a prestimosa colaboração de alguns jornalistas, passou meses a insinuar que eles tinham morto e escondido a filha, e agora não tem provas de nada nem faz ideia do que se passou.

Eis o circo que espera o primeiro-ministro, depois do regresso da sua triunfal digressão com o Grande Circo Europeu. Vai encontrar um país em autogestão, descrente e assustado com o futuro - excepção feita aos mesmos de sempre, que espreitam a oportunidade de regressar ao «business as usual» dos negócios cozinhados com o património público: a água, Alqueva, as estradas, a rede eléctrica, a Galp, a TAP, a navegação aérea e aeroportos, etc., etc. (Quem não acredita em bruxas, lembre-se da extraordinária e reveladora carta que o comendador Amorim dirigiu ao ministro da Agricultura do anterior governo, oferecendo-se para privatizar a Companhia das Lezírias, nos seus termos e a seu favor).

Daqui até 2009, José Sócrates está de regresso a Portugal e sem fuga possível. Seja bem-vindo, espero que goste.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Miguel Sousa Tavares dá as boas vindas a Sócrates no seu regresso à realidade de Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O "MEIO"

«Eu li o livro de Carolina Salgado com atenção e não devo ter sido o único. Pelos vistos, as polícias também o leram. Não vi ainda o filme feito a partir do livro, em que cada personagem fictícia é colada à personagem real. O Correio da Manhã fez até uma interessante página central em que para cada personagem do filme lá estava a figura real, a família Salgado, Pinto da Costa, o ex-presidente do Conselho de Arbitragem, o vereador de Gondomar que foi espancado, o major, os advogados, os médicos, os empresários do futebol à volta do clube, o líder da claque do FCP, Joaquim Oliveira, o patrão da Olivedesportos, tudo e todos num filme chamado Corrupção. Se os incomoda a figuração e o retrato não sei, o que sei é que é tudo público e conhecido com mais ou menos verosimilhança e ficção, e o retrato é aquele. E das duas uma: ou aquilo é para tomar a sério ou é de faz-de-conta. Parece que é de faz-de-conta.
Eu li o livro de Carolina Salgado com interesse, não pela absoluta veracidade do que lá vem, que cabe às polícias julgar, não pelos motivos dúbios da autora, não pela mão que possa haver de outrem na sua execução, mas sim pelo que ele comporta de descrição perfeita, psicológica, antropológica e sociológica de um "meio" que muitos conhecem mas preferem ignorar, ou por complacência, ou por cumplicidade, ou apenas por medo, puro e simples medo. E se o livro de Carolina Salgado acrescenta o detalhe dos actos individuais vistos de dentro, aquelas fabulosas histórias dos chocolatinhos aos árbitros, esse mesmo "meio" está retratado também nas escutas telefónicas do Apito Dourado, nos mil e um incidentes que envolvem a claque do Futebol Clube do Porto (seria bom conhecer os relatórios policiais e do SIS sobre a perigosidade desta claque), nas violências públicas diversas semeadas ao longo dos últimos 20 anos e que só têm em comum permanecerem impunes. Toda a gente sabe, vem nos jornais, é público, nada acontece. Há demasiado faz-de-conta para ser natural. Tem que haver cumplicidades.

Os incidentes naquilo que eufemisticamente se tem chamado a "noite do Porto" não estão longe deste "meio". Muitas personagens são comuns, muitos sítios são comuns, há fotos e circunstâncias comuns, amizades, companhias, más companhias, jantares, carros e seguranças. O relatório confidencial da PSP sobre a escalada de ajustes de contas entre grupos violentos que o Correio da Manhã publicou esta semana é um retrato preocupante não só sobre o que se está a passar, com o seu rasto de assassinatos, mas também da inacção das autoridades que, sabendo, nada fizeram, mesmo quando as vítimas as informaram das ameaças de morte, entretanto executadas sem dificuldade. As testemunhas calam-se com medo. É à luz destes factos que se devem entender as palavras de Mourinho quando veio ao Porto com seguranças e, perguntado sobre porque é que o fazia, respondeu: "Quando vou a Palermo tenho de tomar cuidado." O special one sabia do que estava a falar.

Pode-se dizer que faço uma amálgama indevida entre casos distintos que só têm em comum a ilegalidade dos actos? Significa isso que eu defendo que há uma causalidade de mando entre A e B? Só por má-fé e para confundir as coisas é que tal se pode afirmar. O que eu digo e repito é que há um "meio" muito pouco saudável no Porto, que se tem vindo a criar nos últimos 20 anos, que goza de consideráveis cumplicidades e complacências, policiais e políticas, no PS e no PSD, onde tudo acontece e parece que nada acontece, e que, quando se diz aquilo que é uma evidência, cai o Carmo e a Trindade.

Não os meto no mesmo saco de responsabilidades criminosas como é óbvio, não digo que A foi mandante de B num crime determinado, nem nada que se pareça, nem confundo as instituições, nem o clube, nem a cidade, com os homens que se servem delas ou do seu nome. Apenas digo que o "meio" é comum e comunicante e que as sementes de violência, as protecções e cumplicidades, os serviços e os "servicinhos" não são estanques. A "noite do Porto" tem o seu dia. E digo mais: para atacar uma coisa tem de se atacar a outra e é preciso livrar o Porto dessa doença que lavra no seu seio. Só não vê quem não quer ver ou quem, vendo, tem medo de ver.

É um "meio" que só exista no Porto? Outros "meios" existem em Lisboa, no Algarve, nos subúrbios de Lisboa, nalguns casos com diferentes níveis de perigosidade e com outro tipo de ligações políticas, com problemas étnicos diferentes, mas, em nenhum outro sítio, se associou ao nome da cidade, ou o nome de um clube, a um mesmo grupo de personagens, a um mesmo milieu, a melhor palavra para designar o ambiente miasmático em que tudo se passa.

Numa também típica reacção "italiana" - os mafiosos dos Sopranos quando são perseguidos pelos seus crimes respondem que se trata de uma perseguição aos italo-americanos -, levantam-se vozes indignadas a defender, imaginem, o Porto e o FCP "nojentamente" atacados por mim. Um deles escreve que "crimes como estes não são fáceis de explicar, as suas razões profundas são difíceis de entender. Fácil, fácil, é dizer que a culpa é do FC Porto", o que como é óbvio ninguém disse, e outro escreve esta pérola: "De Pacheco Pereira podemos esperar tudo, desde que vivamos na Área Metropolitana do Porto." As mais sinistras intenções me são atribuídas e as ameaças veladas ou às claras abundam. As mesmas pessoas que em público dizem que nada disto existe e que estou a exagerar, dizem-me depois em privado para ter cuidado, muito cuidado.

Os jornais do Porto e alguns desportivos, cujo papel na denúncia deste tipo de "meios" é escassa para não dizer nula, mesmo quando agressões violentas a jornalistas os deveriam ter obrigado a um sobressalto moral, fazem assim um péssimo serviço à cidade e aos seus valores. Deveriam lembrar-se do rol das agressões a jornalistas que se estende desde o final dos anos 80 até aos dias de hoje e em que os jornalistas desportivos têm um lugar de honra, mas não só. Carlos Pinhão, Eugénio Queirós, João Freitas, Manuela Freitas, Marinho Neves, Paulo Martins, entre outros, a que se associa José Saraiva, militante do PS e director durante muitos anos do Jornal de Notícias, já falecido, conheceram o "meio" na prática.

O mais espantoso é que muitos deles nunca apresentaram queixa, outros nunca souberam o resultado das suas queixas, e mesmo quando as agressões são públicas, não se passa nada. Nunca se passa nada e nunca ninguém quer ver. E quando se fala do que está à vista de toda a gente, é uma conspiração "lisboeta", "benfiquista", contra o Porto, o Norte e o FCP e os tambores do ressentimento regionalista rufam contra os "mouros". Têm pouca sorte comigo, porque menos "mouro" que eu é difícil.

De poucas coisas gosto mais do que do Porto, a minha terra. Vou para lá e, ao fim de meio dia, já troco os "vês" pelos "bês". Os meus lugares são a D. João IV, Santos Pousada, o Padrão, a Batalha, o jardim de S. Lázaro, o Marquês, o Liceu Alexandre Herculano, os Leões, o Piolho, a Sé (onde nasci), a Ribeira, a Foz, a Circunvalação, e a memória, infelizmente só a memória por que o estão a estragar, do Cabedelo visto do Porto. É lá que quero ter as minhas cinzas deitadas, onde o Douro, o único rio a sério em Portugal, entra pelo Atlântico, com fúria. E também, imaginem, o "meu" clube, na forma mínima como me dou com o futebol, é o Futebol Clube do Porto...

Só lá me sinto inteiro, sem heimatlos. E é exactamente por isso que a doença que grassa já há uns anos na minha terra me preocupa e não me cala. Não foi "Lisboa" que a inventou, foram portuenses que a fizeram e que a mantêm com todos os maus argumentos e com a única lógica que conhecem, a do poder e a do dinheiro, com a mesma dimensão do Bada Bing. Tenho a veleidade de considerar que, falando desta doença e destes "meios", sirvo melhor a minha terra, o Porto.» [Público assinantes]

Parecer:

Pacheco Pereira denuncia a insegurança do Porto e põe o dedo na ferida.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O CARRO DO JOÃO

«Mas não teve sorte: o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), pela pena dos juízes conselheiros Pires da Rosa, Custódio Montes e Mota Miranda, no passado dia 6, veio confirmar a decisão da Relação, esclarecendo que, tendo o João provado que a reparação era possível e que custava os quase 6000 euros, a companhia de seguros, para não ser obrigada a suportar essa reparação, tinha de provar "que tal montante era excessivamente oneroso - não apenas oneroso, ou até mais oneroso, mas excessivamente oneroso - para si própria, que era flagrantemente desproporcionado o custo que ia suportar em relação ao interesse do lesado na reparação". Mas esta "excessividade" tem de aferir-se pela diferença entre dois pólos: um deles é o preço da reparação, mas o outro não é o valor de venda do veículo, acrescentou o STJ, porque "uma coisa é ter o valor, outra coisa é ter a coisa. Uma coisa é ter 1200,00 euros e outra coisa é ter um Renault Clio de 1992 - ainda que valendo apenas essa quantia -, mas que é nosso, que satisfaz os nossos interesses e as nossas necessidades". Para o STJ, a companhia, se pretendia não pagar a reparação, teria de não se "encostar" ao preço de venda da viatura e antes ter provado que o João "podia adquirir no mercado, por um determinado preço (mais baixo do que a reparação), um outro veículo que lhe satisfizesse de modo idêntico as suas necessidades... "danificadas". Não o tendo feito, foi condenada a pagar a reparação, reconstituindo, assim, o pacato e modesto mundo rodoviário do João. » [Público assinantes]

Parecer:

Francisco Teixeira da Mota chama a atenção para um acórdão do Supremo que põe fim a uma prática oportunista de muitas companhias de seguros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PORTAS QUER REFERENDO

«Depois de ouvir razões a favor e contra um referendo ao Tratado de Lisboa, Paulo Portas inclina-se para os argumentos favoráveis à consulta popular, apurou o Expresso. A decisão só será tomada no Conselho Nacional (CN) de quarta-feira, mas nessa reunião o presidente do CDS deverá já defender que o partido se mantenha fiel ao compromisso assumido em 2005.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Compreende-se, com o referendo consegue maior protagonismo político.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se uma explicação a Portas.»

QUAL O JORNAL QUE FALA VERDADE

«O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) não vai decidir a localização do novo aeroporto de Lisboa. Nem tão pouco apontará nos estudos sobre a Ota e Alcochete que um dos locais é melhor do que o outro. E os estudos parcelares até agora efectuados também não permitem concluir taxativamente por qualquer das localizações.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Se esta notícia do Expresso tem fundamento isso significa que o Sol mentiu na semana passada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

ORTODOXOS DO PCP ESTÃO A TOMAR CONTA DA CGTP-IN

«Nos corredores da sede da CGTP, na rua Vítor Cordon, já é adquirida a saída de Florival Lança, de 62 anos. Os que defendem o seu abandono baseiam-se numa recomendação consensualizada nos órgãos dirigentes, no sentido de proceder à substituição dos quadros com mais de 60 anos. Os que o defendem, contudo, vêem na sua substituição um ajuste de contas da corrente comunista mais ortodoxa, que não perdoa a Lança a orientação que tem dado ao sector internacional.

Responsável por este departamento desde a saída de José Luís Judas, em 1992, Lança seguiu a política de abertura do antecessor, estabelecendo relações com organizações de todas as sensibilidades. O separar das águas deu-se há dois anos, quando Lança propôs que a CGTP abandonasse o seu estatuto de não alinhamento, para aderir à novel Confederação Sindical Internacional (CSI), resultado da fusão da CISL (social-democrata) e da CMT (cristã). A proposta foi recusada pelo sector mais ligado à direcção do PCP, que forçou a manutenção da independência da CGTP, ao mesmo tempo que pugnava por uma aproximação à outra central internacional, a Federação Sindical Mundial (FSM), fiel à orientação dos velhos tempos da União Soviética. O Expresso contactou com Florival Lança, que recusou comentar. Militante do PCP desde 1974, pertence ao Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa e foi o coordenador da União de Sindicatos da capital. Integra a comissão executiva há mais de vinte anos, sendo um indefectível de Carvalho da Silva.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

OS VELHOTES DA FAMÍLIA ISALTINO NÃO GOSTAVAM DE BANCOS

«O que é que umas frigideiras, uns sacos de cimento e uma acusação de corrupção podem ter em comum? À partida nada, mas os três elementos constam do processo de Isaltino Morais relacionado com as contas bancárias na Suíça. Esta semana, o autarca de Oeiras e mais quatro arguidos foram pronunciados por um juiz de instrução criminal e serão julgados em Oeiras.

Uma das suspeitas investigadas pelo Ministério Público (MP) prendeu-se com a elevada quantidade de depósitos em numerário que a ex-mulher de Isaltino, Maria Franco Morais, fez nas suas contas bancárias. Os investigadores suspeitaram que se tratava de dinheiro entregue por empreiteiros ao autarca. Mas, Maria Morais deu outra explicação: a mãe “não gostava de bancos”. Por isso, guardava dinheiro em casa “em frigideiras e num cofre”. Já o tio da ex-mulher do autarca preferia, segundo o depoimento de Maria Franco Morais, “sacos de cimento” para acondicionar notas.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Só eu não tenho velhotes com sacos de cimento cheios de dinheiro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Isaltino como é que os velhotes trocaram escudos por euros.»

BCP: BANCO OU ASSOCIAÇÃO DE MALFEITORES

«Joe Berardo acusa a administração do BCP de ter feito perder 200 milhões de euros ao banco com várias operações realizadas através de «off-shores». Na denúncia enviada às entidades de supervisão, apresenta um documento do banco que enumera 17 empresas, às quais junta mais sete. Só com Goes Ferreira o banco terá perdido 94 milhões.

Fala em manipulação de mercado, incumprimento dos deveres de informação e indícios de utilização abusiva de bens sociais. Refere ainda o facto de os auditores do banco, a KPMG, terem apontado a existência de “custos suportados pelo banco, no valor de 1,885 milhões de euros, que, de acordo com o conselho de administração, foram incorridos por membros do Conselho Geral e de Supervisão - liderado por Jardim Gonçalves - no âmbito de outras funções exercidas em representação do banco e ainda outras despesas de segurança de cerca de 200 mil euros”. Berardo admite avançar com queixa-crime por recusa de prestação de informação pelo banco.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Por muito menos estão as cadeias cheias.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao PGR da República e ao fisco que investigue.»

LEVANTAMENTO DE RANCHO NA MAGISTRATURA DO PORTO

«Procuradores do Ministério Público (MP) do Porto e de vários tribunais do Norte decidiram, ontem, solicitar uma "inspecção extraordinária" do Conselho Superior do MP aos serviços do DIAP do Porto, numa reacção de desagrado àquilo que consideram ser o levantamento de um "clima de suspeição" sobre os magistrados do Porto levantado pela decisão de Pinto Monteiro em atribuir a Lisboa a liderança da investigação dos crimes relacionados com os grupos da noite do Porto. Sinal desta posição de descontentamento, tomada ontem durante uma reunião do Sindicato dos Magistrados do MP, é, por outro lado, a recusa do procurador adjunto do DIAP do Porto em integrar a equipa especial liderada por Helena Fazenda.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Enquanto se digladiam os magistrados sempre deixam o governo descansado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Assista-se ao triste espectáculo.»

NEM OS SISTEMAS DE REGRA ESCAPAM AO ROUBO DE COBRE

«A Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis) contabiliza em mais de cinco milhões de euros os prejuízos dos agricultores vítimas de roubos do fio de cobre existente nos cabos eléctricos dos sistemas de rega. Lisboa, Santarém, Setúbal, Évora, Portalegre e também Évora são os distritos mais afectados por esta onda de assaltos que começou a intensificar-se no final do ano passado.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

É assim tão identificar os sucateiros que estão a negociar com cobre roubado?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao DN da PJ.»

GOOGLE CONCORRE COM A WIKIPEDIA

«Google está desarrollando un servicio competidor de la enciclopedia en Internet Wikipedia, donde los usuarios podrán escribir artículos sobre diferentes cuestiones, eso sí, firmados.

El conocido buscador de Internet adelantó a última hora del jueves en su blog corporativo los detalles del proyecto, que aún está en versión beta y al que sólo se puede acceder mediante invitación. Google llama a los artículos "Knols" o "unidades de conocimiento" y estarán firmados por sus autores, que pueden incluir incluso una foto y una breve biografía de sí mismos.» [20 Minutos]

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "PS Lumiar" também questiona se Sócrates deve propor o referendo ao Tratado.
  2. O "Maternos" e o "Largo das Alterações" gostaram do post dedicado à abertura do mercado de Inverno.

    * Busca realizada no "Google Blog Search".

IGOR VOLGIN

IGOR PARFYONOV

ALEXANDER SKVORCOVA

LA KATARINA (MODELO)

VANIKO GOLIADZE

EMPRESA LANÇA COMPRESSA CONTRA O MAU CHEIRO DA FLATULÊNCIA

«Una empresa llamada The Pond Inc ha puesto a la venta la compresa neutralizadora de pedos. El producto denominado ‘Subtle Butt’ no es más que una almohadilla de tejido de carbón activado, que mide 3,25 x 3,25 "cuadrado, y se adhiere a la parte interior de su lencería gracias a dos tiras adhesivas. » [20 Minutos]

É O QUE ACONTECE QUANDO AUMENTA O PREÇO DA GASOLINA

DILLS

[2][3]

Advertising Agency: MortierBrigade, Brussels, Belgium

INDEPENDENT CLERKS' UNION

[2][3]

Advertising Agency: La Familia, Copenhagen, Denmar k
Art Director: Hans Troldahl
Copywriter: Thomas Norgaard

TURKCELL

[2][3]

Advertising Agency: Markom Leo Burnett, Istanbul, Turkey
Creative Director: Yasar Akbas
Art Directors: Atilla Karabay, Erkan Kaya, Haluk Karslioglu
Copywriter: İlkay Yildiz, İlker Dagli
Photographer: Hannes Kutzler
Account Group: Basak Tetik, Burcu Onder