quinta-feira, novembro 29, 2007

Estratégia manhosa do PSD na CM de Lisboa



Nesta semana o PSD apresentou a sua proposta de modelo de gestão das autarquias que assentava no pressuposto de que as autarquias deveriam funcionar independentemente de a sua gestão contar com uma maioria relativa. Propôs mesmo que os executivos camarários funcionassem como se fossem pequenos governos. Se a proposta era criticável os pressupostos fariam sentido, a experiência mostra que onde deveria haver diálogo em nome do interesse dos munícipes têm havido jogos de poder.

No caso particular do município de Lisboa o PSD, com o apoio do CDS, governou em maioria absoluta e o resultado foi o que se viu, um desastre total para a cidade e para as contas da autarquia.

A questão financeira de Lisboa é grave e a sua solução não é política, o que se espera é que o executivo consiga consolidar a dívida, transferindo dívidas de curto prazo para dívidas a médio e longo prazo, é o que tentaria fazer qualquer empresa em situação difícil. Ao mesmo tempo que transferia a dívida dos fornecedores para o sistema bancário o executivo camarário tornaria mais fácil a vida das empresas de Lisboa, é mais fácil a uma câmara negociar as suas dívidas do que forçar os seus fornecedores a negociar créditos com a banca para ocorrer às necessidades financeiras.

Só que o PSD não pensa nem nos munícipes, nem na cidade, nem nas empresas de Lisboa, ao asfixiar financeiramente a autarquia graças a uma maioria na Assembleia Municipal que manteve de forma manhosa e mal intencionada procura capitalizar em seu favor uma situação pela qual é o grande responsável. O que o PSD pretende é inviabilizar o governo de Lisboa mesmo que isso seja feito à custa da cidade, mesmo que isso penalize a qualidade dos serviços da autarquia, mesmo que isso possa levar à falência das suas empresas.

Isto não é fazer política autárquica, é praticar terrorismo eleitoralista, ainda por cima usando abusivamente uma maioria mantida de forma manhosa. Com esta actuação Luís Filipe Menezes só mostra que o PSD mudou para pior, que as suas propostas políticas não têm a credibilidade das propostas sérias, feitas a pensar no país. Os eleitores vão perceber uma situação que se vai virar contra o próprio Menezes, se numa autarquia em crise o PSD actua desta forma como fará em relação a um governo que não conte com uma maioria absoluta? Menezes está a dar um excelente argumento a Sócrates para renovar a sua maioria absoluta no parlamento.

Com a autarquia asfixiada financeiramente resta a António Costa demitir-se ou gerir a câmara num contexto de comissão administrativa, aguardando que o eleitorado reponha a verdade eleitoral na assembleia municipal, onde o PSD não representa os eleitores, para não referir que hoje a dimensão eleitoral de Carmona Rodrigues seria reduzida à sua dimensão humana.
Para esta direita vale tudo quando não está no poder.