quarta-feira, maio 09, 2007

Vai dar sangue!


O Simplex está esgotado, depois de feito o que já estava feito ou quase feito, com o Bill Gates ocupado por outras paragens, a Autoeuropa a redesenhar o Sirocco, a vida está a ficar complicada para os assessores de imprensa do primeiro-ministro.

O suposto líder da oposição sempre arranja uns comes e bebes ao sábado e discursa a tempo de ainda ouvir o Alberto João antes destes emborcar as ponchas festivas, diz meia dúzia de asneiras e isso é suficiente para ocupar o tempo de antena da oposição na RTP e uns bons minutos nas televisões do Balsemão, até porque a ausência deste teria que ser retribuída com spots televisivos.

Sócrates não podia ficar atrás e estou a imaginá-lo a perguntar ao assessor de imprensa “então o que vou fazer amanhã para aparecer nos jornais?” e o assessor a responder “vá dar sangue!”. E Sócrates foi.

Nunca vi Chirac a fazer xixi numa campanha para os franceses controlarem o colestrol, ou o Zapatero a medir a tensão numa campanha contra as doenças cardiovasculares e muito menos a rainha de Inglaterra a entrar numa farmácia comprando preservativos para promover a prevenção da sida. Mas vi o primeiro-ministro português a dar sangue, o que deve ter reconfortado os muitos portugueses que quando o ouvem a pedir mais sacrifícios pensam em voz alta “Vai dar sangue!” O que significa que o tal assessor está atento ao que os portugueses pensam.

Sejamos sérios não é por o primeiro-ministro doar medula que os portugueses vão a correr aos centros de recolha de sangue. A manobra só rendeu muito mais em imagens simpáticas na televisão do que em sangue, onde se ficou pelos decilitros doados por Sócrates.

Na Venezuela teria sido um sucesso, Chavez ia dar sangue e na hora seguinte haveriam filas intermináveis, quem não fosse em vez de dar o sangue arriscar-se-ia a dar a pele. E não sugiro a mesma solução para Cuba porque o sangue de Fidel quase teria que ser processado numa refinaria para extrair o alcatrão e os hidrocarbonetos resultantes do rum. Mas na Europa esses truques são mais próprios de um presidente da junta do que de um primeiro-ministro.

Enfim, Santana Lopes deixou adeptos.