sábado, março 17, 2007

Ota


Num ambiente onde os partidos se financiam à custa das obras públicas, os opinion maker são pagos por grupos de interesses e os políticos tudo fazem a troco de votos é difícil promover um debate público em torno da construção da Ota com um mínimo de seriedade e tranquilidade.

Cada vez que ouço algumas personalidades falar sobe o tema dou comigo a pensar se estará a dizer a sua opinião ou se foi pago por alguém para o fazer. São demasiados milhares de milhões de euros para podermos ser ingénuos ao ponto de acreditar que todos os intervenientes no debate estão a defender os interesses do país em vez dos seus próprios interesses.

Que o país carece de um aeroporto na região de Lisboa não tenho dúvidas, assim como também não duvido de que qualquer localização desencadeia opiniões críticas. Também é inquestionável que a não ser que se construa um aeroporto sobredimensionado o novo aeroporto estará saturado dentro de algumas décadas. Por fim, também ninguém duvida que (infelizmente) a retoma do crescimento económico passa pelo investimento público.

Tenho dúvidas sobre o novo aeroporto, sobre se é a melhor solução para um grande investimento público e sobre se a sua localização permite uma total rentabilização desse investimento. Mas não participo num debate que começa a ser poluído pelo oportunismo.

Não questiono a posição do CDS, como a nossa direita passou a ser apreciadora do modelo alemão em matéria de IGV vou também transpor o modelo político daquele país e considerar que o CDS existe apenas quando ultrapassar os 6% de votos exigidos para que um partido tenha assento no Bundestag.

Em relação ao PSD é muito estranho que Marques Mendes tenha suscitado o debate neste momento. Estará preocupado com o país ou com as sondagens eleitorais que não param de empurra o PSD para a casa das dezenas? Nada de substancial se alterou em relação à Ota e que se saiba o líder do PSD não teve este tempo a ler os dossiers técnicos, aliás, pela forma como se pronuncia sobe todos os assuntos é evidente que Marques Mendes não estuda dossiers. Então porquê tentar debater a Ota?

Para Marques Mendes a Ota não traz benefícios e a não ser que consiga mudar a localização para a herdade de algum amigo do PSD é-lhe indiferente a localização. O que o líder do PSD pretende é protagonismo à custa de coisas sérias, usar a Ota para aparecer nas pantalhas e livrar-se dos opositores, é evidente que lança esta questão num momento em que outros candidatos à liderança ganham protagonismo e ao mesmo tempo que toda a agente se questiona sobre a sua própria competência.O que preocupa Marques Mendes não são os terrenos encharcados em que vai ser construído o novo aeroporto, é o pântano em que se transformou a direita, muita graças à sua idiotice política.