terça-feira, março 06, 2007

Os nossos empresários saberão comer à mesa?


As opas lançadas pela Sonae sobre a PT e pelo BCP sobre o BPI ensinaram-me mais sobre o capitalismo à portuguesa e os valores dos nosso empresários do que o muitos anos de estudo e observação. Só não fiquei desiludido porque nunca estive iludido e se tirei muitas dúvidas também confesso que fiquei com algumas, depois de tudo aquilo a que assisti pergunto-me a mim mesmo se os nossos empresários saberão comer à mesa.

Com a AG da PT quase voltámos aos tempos em que UEC e MRPP se engalfinhavam nas RGAs universitárias, os comunicados da Sonae para arrebanhar votos podiam muito bem ter sido escritos por Saldanha Sanches ou por Casaca, a postura do advogado durante a AG podia muito bem ter sido decalcada de qualquer dirigente da UEC, como Miguel Portas, ou, pior ainda, da Zita Seabra nos tempos do MJT.

E o que dizer das negociações feitas entre a Sonae com a Telefónica ou entre o BCP e o Santander com o património alheio? Fiquei a saber que era possível fazer negócios com o património alheio, a Sonae já tinha decidido entregar a Vivo à telefónica e o BCP já dividiu os balcões do BPI com o Santander. Talvez as regras seja estas, mas estes negócios parecem-me batota no Monopólio, dois jogadores concertam o negócio e dividem o património do terceiro jogador enquanto este se ausentou para fazer xixi.

Para Belmiro, que queria comprar a PT ao preço da uva mijona, os accionistas daquela empresa que se recusavam a vender as suas acções a preço de saldo eram mendigos, pedintes que estariam dipostos a fazer-lhe o jeito se lhes fosesem dadas mais umas migalhas.

Pela forma como Belmiro e Paulo Teixeira Pinto usaram o argumento nacionalista percebi, finalmente, porque razão Portugal é um país independente, se D. Filipe III não se tivesse Designado D. Gaspar de Guzmán, que nomeou conde-duque de Olivares, entregando-lhe a gestão de Portugal, o duque de Bragança teria continuado no sossego de Vila Viçosa. Belmiro juntou-se à France Telecom e foi bucar o dinheiro ao Santander para assegurar que a PT continuasse portuguesa, ao mesmo tempo o BCP negociou com o Santander com o mesmo objectivo. Enfim, com um portuguesismo mais valia ser logo espanhol, sempre se poupavam os sacrifícios aos pobres, os únicos que partilham as desvantagens de ser português.