segunda-feira, março 26, 2007

Os Boys, as pandilhas e os gangs da Administração Pública


Com uma certa frequência se fala dos boys dos partidos na Administração Pública e alguns jornais e partidos à falta de melhor perdem tempo a contabilizar as nomeações de boys. Só que nem todos os que são nomeados são boy e nalguns serviços da Administração Pública há pandilhas e gangs bem mais poderosos do que as estruturas partidárias existentes nesses serviços.

Distingo ‘pandilhas’ de ‘gangs’ ainda que funcionem de forma muito semelhante, para separar os grupos que se protegem para assegurar a carreira dos seus membros dos grupos que vivem à custa dos proveitos que podem ser obtidos graças ao exercício das competências proporcionadas por alguns cargos. Pandilhas e gangs representam duas formas de corrupção que apodrecem o Estado, as pandilhas, formadas muitas vezes por verdadeiras “nossas senhoras da honestidade”, (alguns dos seus membros até fazem questão de vestir mal e com mau gosto como afirmação dos valores típicos do franciscanismo dos seus membros) são uma forma de corrupção ética, enquanto os gangs organizam-se para obter benefícios económicos.

As pandilhas e os gangs são estruturas mais abrangentes, organizadas e melhor estruturadas dos que os boys, os seus laços de solidariedade são mais fortes e os seus membros são melhor protegidos do que os boys partidários. Como contam com membros de todos os partidos resistem a todas as mudanças de poder e mesmo que algum tentáculo seja atingido há outro que cresce, a probabilidade de um governo escolher um director-geral ou um subdirector-geral que se encontra na esfera de influência é muito grande.

É mais perigoso atingir um membro de uma pandilha ou de um gang do que incomodar um boy. O membro do partido nunca perde a esperança de conquistar a nossa adesão e mesmo eu fique ofendido e com ímpetos vingativos mais tarde ou mais cedo o seu governo cai, pelo que a sua coragem é condicionada. Mas se atacarmos um membro de uma pandilha ou de um gang nunca saberemos de onde virá a vingança pois uma boa parte dos seus membros é desconhecida.

Não há uma separação estanque entre os diversos grupos de boys, as pandilhas e os gangs, entre os boys há membros de gangs e de pandilhas e estes dois grupos têm o cuidado de integrar membros de todos as agremiações de boys. A inoculação de boys num gang torna-o mais poderoso e perigoso e o próprio boy é mais respeitado no seu partido, havendo boys de diversos partidos num gang ou numa pandilha os laços que passam a unir estes serão mais fortes do que as diferenças partidárias. O cruzamento entre estes três tipos de grupos torna-os mais eficazes, poderosos e resistentes às mudanças políticas.

Basta olhar para muitas nomeações e reestruturações em curso para percebermos como alguns gangs e pandilhas são tão eficazes que até o Governo vai ao encontro dos seus interesses. Façam m pequeno exercício, olhem à vossa volta comecem a desenhar as relações de solidariedade entre as personagens que estão a protagonizar a gestão de algumas instituições e depois digam-me se as reestruturações em curso estão a resultar do PRACE ou se este foi uma excelente oportunidade para os boys, pandilhas e gangs procederem a reajustamentos e a algumas pequenas vinganças.

Quem se trama na Administração Pública são sempre os mesmos, aqueles que optam por uma carreita impoluta e não pertencem aos partidos, aos gangs e ás pandilhas, serão esses a irem para o desemprego via "mobilidade", a serem mal classificados para que se verificqum os padrões estatísticos exigidos, a verem os seus serviços serem extintos por reestruturações que visam emagrecer o Estado, para além de já estarem habituados a serem os últimos classificados dos concursos. A cereja em cima do bolo é quando uma pandilha ou um gang consegue levar um dos seus a memro do governo.

O pouco que até agora se viu já é mais do que suficiente para se perceber que tal como qualquer bactéria resistente as pandilhas e os gangs já ganharam resistência ao PRACE e até já desenvolverem mecanismos para reforçarem o seu poder à custa deste.