segunda-feira, março 19, 2007

Os "bodyguards" do magistrado


Já passou quase uma semana e ainda não me refiz das reportagens televisivas da ida do procurador João Guerra à Assembleia da República, com um deputado do PS a fazer uma figura triste ao explicar que o magistrado não queria que lhe vissem a cara e com as televisões a filmar as pernas do próprio para poderem mostrar serviço.

Toda a gente deste país pode ser conhecida mas, sabe lá Deus porquê, não se pode conhecer a cara de um procurador que conduziu um processo que meteu o país de pernas para o ar, sem quaisquer resultados para além daquilo que se viu. Mas se o procurador está com receio de ficar mais popular que Bárbara Guimarães é lá com ele, nem é isso que mais me impressionou na sua ida à Assembleia da República.

O que me incomodou mesmo foi algo que os críticos quase não repararam, o procurador entrou pela AR dentro devidamente protegido por um quarto de dúzia de seguranças, muitos mais do que os necessários para qualquer entidade se deslocar à Cova da Moura, tantos como aqueles que costumamos ver acompanhar o presidente dos EUA. Se o nosso magistrado precisa de três seguranças para entrar na AR imagino que quando o juiz Garzó tiver que ir às Cortes espanholas far-se-á acompanhar de mais guardas civis do que aqueles que acompanharam o coronel António Tejero Molina quando lá foi dar uns tiros para o ar.

Será que o nosso procurador receia que algum deputado amigo do Paulo Pedroso lhe dê uma estalada dentro do parlamento ou receia que por lá andem escondidos os cabecilhas de alguma rede pedófila por ele desmantelada? Esperemos que da próxima vez não tenham que fazer obras para que possa entrar protegido por um carro blindado.