quinta-feira, março 29, 2007

O país do cimento


Portugal é um país do cimento a tal ponto que até poderíamos deixar de prestar atenção a uma infinidade de indicadores, bastaria consideramos a produção de cimento. Os nossos governantes não ficam conhecidos pelos níveis de desenvolvimento que conseguiram para o país, de Cavaco temos o CCD e as estradas, de Guterres temos os estádios de futebol e de Sócrates já se sabe que vai ser conhecido pelos aeroportos.

A importância dos ministros mede-se mais pelo cimento que gerem do que pelos dossiers dos seus ministérios, o ministro das Obras Públicas vale mais do que o da Educação, e até os autarcas são tão mais importantes quanto o dinheiro que têm para gastar em cimento.

Se em termos de desenvolvimento económico estamos a três décadas da Europa de desenvolvida, distância que ai aumentando à medida que se cimenta o nosso atraso, em termos de mentalidades estamos na década de quarenta, a prioridade ao cimento e a aplicação primária dos princípios do keynesianismo é tal que até parece que Portugal acabou de sair da Segunda Guerra Mundial mesmo sem nela ter participado.

As grandes discussões públicas são sobre o cimento, fala-se sobre ensino quinze dias, sobre saúde outros tantos e o resto do ano é para falar de cimento. Do tempo de Cavaco ficaram os debates sobre o CCB, do tempo de Guterres as discussões sobre a importância estratégica do estádio do “Allgarve” e já se percebeu que a OTA vai dar discussão até que Sócrates faça o mestrado em engenharia.

Porque será que os nossos políticos gostam tanto de cimento? Não deve ser por gostarem de acarretar baldes de massa, ou será?