segunda-feira, janeiro 01, 2007

O melhor de 2006

O político de 2006:
José Sócrates


Quem venceu as eleições presidenciais? Se sabemos quem as perdeu, os resultados são inequívocos, já não temos a certeza de quem as ganhou, se Sócrates se Cavaco Silva. A verdade é Sócrates ganhou mais com a presença de Cavaco Silva em Belém do que se lá estivesse Manuel Alegre ou mesmo Mário Soares.
Tal como para os visitantes do Jumento que na sondagem aqui feita deram 66% das preferências a Sócrates, também a nossa escolha vai para o primeiro-ministro. Manuel Alegre apagou-se e Cavaco Silva ainda não conseguiu ser o Presidente da República que afirmou pretender ser, até já nos esquecemos de que é economista.

O melhor líder partidário:
José Sócrates


Com PSD transformou-se num canil de cachorros abandonados, o Louça com um grave problema de humor e sem piadas e um Ribeiro e Castro a marinar em lume brando no fogão de Paulo Portas restavam Jerónimo de Sousa e Sócrates no espectro partidário com representação parlamentar, já que fora da AR destacou-se Manuel Monteiro lançando a confusão da direita que se viu obrigada a discutir as suas propostas.

Jerónimo de Sousa conseguiu transformar o Partido Comunista naquilo que os livros dizem que deve ser, um partido para conquistar o poder sem olhar a meios e impor um modelo de sociedade que uma suposta vanguarda decide como deve ser. Voltámos a ter lutas sem tréguas, mas o PCP esqueceu os “capitalistas” e concentrou a sua intervenção no Estado, os seus bastiões deixaram de ser as fábricas, para passarem a ser as escolas, os quartéis, as esquadras da polícia e as escolas.

A escolha vai para José Sócrates que sem ter dado passos no sentido de uma modernização e maior implantação do PS na sociedade, conseguiu acabar com o modelo de bordel espanhol, que durante muitos anos era a imagem dada por aquele partido.

O melhor ministro:
António Costa, ministro da Administração Interna


Os visitantes d’O Jumento escolheram ministra da Educação, com 43% de votos na sondagem realizada, e penalizaram fortemente ministros como o das Finanças ou o da Agricultura. Apesar de estar tentado a fazê-lo não partilho da opinião dos visitantes d’O Jumento, apesar de a ministra da Educação ser uma das escolhas que consideraria à partida.

A ministra da Educação foi o governante português que nos últimos anos teve que enfrentar mais manifestações públicas contra a sua política, o que seria de esperar pois há muito que o PCP considera as escolas como a sua RDA do Atlântico, uma espécie de território libertado onde impõe as regras e emprega uma boa parte do seu aparelho partidário. A ministra teve coragem, avançou com mudanças indispensáveis mas cometeu erros políticos e de comunicação que fragilizaram a sua posição, não conseguiu ter do seu lado uma parte significativa dos professores.

A escolha d’O Jumento vai para o ministro das Administração Interna, não tanto pelo que fez, mas pelo que não deixou que se fizesse. Conseguiu desvalorizar fenómenos como os incêndios, a criminalidade ou mesmo as cheias, venceu os sindicatos das polícias no plano da comunicação e tem sido uma voz tranquila no Governo. Teve também a arte de perder o protagonismo na reforma da Administração Pública, não dando expressão às competências que lhe foram atribuídas neste capítulo, um dos erros iniciais na orgânica do Governo. Como se isto não bastasse ainda conseguiu ver aprovada uma lei de financiamento das autarquias que teve a oposição frontal do despesismo autárquico.

A melhor informação televisiva:
RTP


A informação das televisões é má, manipula-se, preparam-se mal as notícias, plagia-se descaradamente, a informação noticiosa das televisões não passa de sínteses do que se lê nos jornais diários e nas agências. Salva-se a RTP mais pelos debates que promove e pelos comentadores que soube reunir, do que pela qualidade da sua informação.

O melhor semanário:
Expresso


O ano foi marcado pelo nascimento do Sol cujo director não escondeu a ambição de destronar o Expresso, a escolha teria que ser entre estes dois semanários e os nossos visitantes elegeram o Expresso, escolha com que concordamos.

O Sol não passou de uma sombra daquilo que prometeu, não resistiu à tentação da informação fácil, transformou-se num mau 24 Horas. Balsemão até deve estar agradecido por alguns jornalistas que o Expresso lhe levou.

O melhor jornal no tema fisco:
Correio da Manhã (Miguel Ganhão)

Os visitantes escolheram o Diário Económico, aquele que consideramos o pior e menos honesto jornal neste tema, nos últimos meses transformou-se mesmo no jornal oficial do dr. Macedo, a informação que lá é colocada é a que o director-geral dos Impostos escolhe para promover a sua imagem. A nossa escolha vai para o Correio da Manhã, um jornal que não recorre a grupos corruptos para aceder a informação confidencial e que não tem caído nos truques informativos do dr. Macedo.

Melhor comentador de política:
Miguel Sousa Tavares (Expresso/TVI)


Ainda que de vez em quando Miguel de Sousa Tavares tente ter a arte de falar de quem não sabe com o a de quem acabou de se doutorar na matéria, a verdade é que a sua opinião tem marcado a política portuguesa pelo rigor, independência, imparcialidade e honestidade. Concordamos com a escolha dos nossos visitantes.

O melhor comentador sobre temas económicos:
Teodora Cardoso (Jornal de Negócios)


Apreciamos especialmente os comentários de Sarsfield Cabral no Diário de Notícias, mas não podemos deixar de escolher os que Teodora Cardoso tem escrito no Jornal de Negócios. Enquanto Sarsfield Cabral é um excelente comunicador, Teodora Cardoso tem conseguido tornar fácil de perceber aquilo que é difícil de explicar, os seus artigos são lições de política económica, que sem transigirem no rigor técnico são acessíveis à generalidade dos leitores. Nesta escolha concordamos com os nossos visitantes.

A melhor instituição pública:
ASAE - Autoridade da Segurança Alimentar e Económica


O passado das instituições públicas associadas à inspecção das actividades económicas era má, durante décadas os portugueses comeram o que lhes foi servido, comerciantes, armazenistas e restaurantes não respeitavam regras de qualidade o de higiene, a corrupção grassava no sector.

O ano de 2006 foi de uma profunda mudança na mentalidade destes sectores, as intervenções da ASAE – Autoridade da Segurança Alimentar e Económica, foram eficazes e sistemáticas, foi notícia frequente o encerramento de estabelecimentos, e já começam a ser visíveis os resultados da sua actuação.