domingo, novembro 19, 2006

A Semanada

[Imagem Airliners.net Link]
Porque motivo o Major Alvega não ganhou

O modelo lançamento do livro de Santana Lopes corresponde mais ao lançamento de uma história aos quadradinhos, do que ao figurino que se esperaria das memórias de um político, até porque se trata de um político cujas memórias são um folhetim.

Pelos comentários e excertos que li poderia muito bem ter sido mais uma história do Major Alvega, o famoso piloto inglês de origem portuguesa que no Spitfire vencia todas as batalhas. Escrito como se fosse uma mistura de banda desenhada com literatura de cordel, o livro de Santana Lopes banaliza a política, reduzindo-a a uma sequência de acontecimentos que podem ser contados entre um par de shots.

Desta vez o imbatível Major Alvega não ganhou, os inimigos eram mais do que se esperaria num livro aos quadradinhos, o seu avião foi atingido antes de descolar, o herói foi torturado em pleno voo, enfim aconteceu tudo o que não seria de esperar que sucedesse na vida do Major Alvega.

O Congresso do PS correu bem

Com milhares de militantes a viver das mordomias do poder e com Sócrates quase garantido par uma segunda legislatura só os mesmo os “marginais” levantaram a voz, e mesmo esses sem grandes surpresas, limitaram-se a repetir o que vinham a dizer desde reeleição de Sócrates como secretário-geral.

O congresso correu tão bem que até se distraíram a preencher a lista da comissão nacional, deixando Amado e Pedroso de fora.
O regresso da sharia

Os bispos encontraram o melhor dos argumentos para combater a despenalização do aborto, consultaram os seus próprios princípios e concluíram que a Assembleia da República não tem poderes para decidir sobre a matéria. À vontade do povo deve sobrepor-se a interpretação que a Conferência Episcopal faz da Bíblia ou mesmo as determinações do Papa, o líder de um Estado em relação ao qual Portugal é totalmente independente há uns anitos.

Os nossos bispos tentam a todo o custo evitar um raspanete do Papa, se não conseguirem manter a aldeia lusa como uma das poucas ilhas das virtudes numa Europa que cada vez obedece menos à hierarquia de Roma.
Casa onde não há pão

É triste ver um líder do PSD usar lugares de vogal numa empresa municipal para empregar os seus apoiantes ou afastar os apoiantes dos seus adversários. Afastado do governo resta a Marques Mendes recorrer a estas migalhas para as transformar em soldos para o que resta dos oficiais do imenso exército que é o seu partido quando está no poder.
Os estudos são para quem os sabe ler

Teixeira dos Santos quis saber se os funcionários públicos ganham mais ou menos do que os empregados pelo sector privado, encomendou um estudo e, como seria de esperar, este chegou às conclusões esperadas. Mas o ministro não acha que os portugueses não têm capacidade para ler os estudos que encomenda e optou por o esconder, porque tinha algumas críticas metodológicas a fazer-lhe.

Se já sabíamos que o governo faz tudo com base em estudos, agora ficámos a saber que só os estudos que não suscitam dúvidas é que são considerados ou divulgados. E cabe aos ministros decidir o que os idiotas dos portugueses estão em condições de ler.

O Jerónimo mudou de estratégia

Tal como o ministro das Finanças também Jerónimo de Sousa acha que os portugueses são distraídos, e quando todos perceberam que as manifs à espera de Sócrates tinham pouco de manifestações sindicais, mandou recuar as tropas que estava a usar nestas escaramuças e mandou avançar a brigada ligeira, de repente os putos começaram a fazer greves contra as aulas de substituição.

Resta esperar que daqui a quinzes dias sejam as associações de reformados a manifestarem-se contra a ministra, porque com as aulas de substituição os netos deixaram de ter tempo para jogarem umas partidinhas de dominó.